Famílias brasileiras com renda até R$ 9,6 mil ganham chance de reformar a casa com crédito de até R$ 30 mil e juros abaixo do mercado; veja quem pode e como pedir
Famílias com renda até R$ 9,6 mil poderão financiar reformas com crédito de até R$ 30 mil
O sonho de deixar a casa mais confortável ou consertar aquele problema que há tempos incomoda pode finalmente sair do papel. O governo federal, por meio do Ministério das Cidades, acaba de lançar uma nova linha de crédito habitacional voltada para reformas e melhorias em residências.
E o melhor: o programa é vinculado ao Minha Casa, Minha Vida e tem juros muito abaixo dos praticados no mercado. Famílias com renda mensal de até R$ 9,6 mil poderão solicitar empréstimos que variam entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, com prazos de 24 a 60 meses para pagar.
A portaria que cria o benefício foi publicada nesta quinta-feira, 9 de outubro, e promete mover o setor de construção civil e melhorar as condições de moradia de milhões de brasileiros.
Como vai funcionar o crédito habitacional para reforma
O novo programa federal segue uma lógica simples: financiar pequenas e médias reformas em imóveis já construídos, desde que os donos se enquadrem nos critérios de renda.
Os juros serão proporcionais ao rendimento familiar. Quem ganha até R$ 3,2 mil pagará 1,17% ao mês, enquanto famílias com renda de até R$ 9,6 mil terão taxa máxima de 1,95% ao mês — valores bem abaixo das opções convencionais de crédito pessoal, que chegam a ultrapassar 5% mensais em muitos bancos.
Além disso, as parcelas não poderão comprometer mais de 25% da renda familiar, garantindo que o financiamento caiba no bolso e não gere endividamento.
O governo prevê conceder até R$ 30 bilhões em crédito até 2026, com subsídio de R$ 7,3 bilhões para manter os juros reduzidos. O dinheiro virá do Fundo Social do Pré-Sal, enquanto o Fundo Garantidor da Habitação Popular cobrirá parte do risco de inadimplência — especialmente para as famílias de menor renda.
Quem pode solicitar o financiamento
De acordo com o Ministério das Cidades, o público-alvo do programa são famílias com renda bruta mensal de até R$ 9.600, divididas em duas faixas principais:
-
Faixa 1: renda até R$ 3.200 — prioridade de atendimento e juros reduzidos (1,17% a.m.);
-
Faixa 2: renda até R$ 9.600 — juros de até 1,95% a.m..
Terão prioridade as famílias da Faixa 1 e os financiamentos de menor valor, com foco em atender moradias mais vulneráveis.
O programa atenderá imóveis residenciais ou de uso misto, desde que localizados em áreas urbanas de capitais, municípios com mais de 300 mil habitantes ou arranjos populacionais que somem essa população.
O beneficiário precisará comprovar o uso correto dos recursos e assumir responsabilidade pelas informações prestadas, já que haverá acompanhamento técnico das obras financiadas.
O que o crédito pode financiar
Os recursos poderão ser utilizados em praticamente todas as etapas de uma reforma. Veja o que o programa permite financiar:
-
Compra de materiais de construção;
-
Contratação de mão de obra especializada (pedreiros, eletricistas, encanadores, pintores, etc.);
-
Elaboração de projetos e laudos técnicos;
-
Acompanhamento técnico de engenheiros ou arquitetos;
-
Melhorias de salubridade, segurança e sustentabilidade.
O valor financiado precisa incluir todos os custos diretos e indiretos, como encargos financeiros, transporte de materiais e até pequenas taxas de vistoria.
Com isso, o governo quer evitar que famílias fiquem com obras paradas por falta de recursos complementares.
Quanto custa reformar uma casa em 2025
Mesmo com crédito acessível, é essencial entender o custo real de uma reforma antes de solicitar o financiamento. Os preços variam conforme o tipo de obra, os materiais escolhidos e a região do país.
Para facilitar o planejamento, especialistas do setor de construção civil apontam valores médios por metro quadrado (m²) para diferentes tipos de intervenção.
Estimativas de custo por metro quadrado
-
Reforma leve: inclui pintura, troca de pisos e pequenos reparos. Custo médio de R$ 1.500 a R$ 2.000/m².
-
Reforma completa: envolve troca de revestimentos, revisão elétrica e hidráulica e pequenas mudanças estruturais. Fica entre R$ 2.000 e R$ 3.000/m².
-
Reforma de alto padrão: com materiais premium, projetos personalizados e acabamentos sofisticados, pode ultrapassar R$ 4.000 a R$ 5.000/m².
Esses valores podem variar dependendo da cidade. Capitais como São Paulo e Florianópolis costumam ter custos mais elevados, enquanto regiões do interior do Nordeste apresentam valores mais acessíveis.
Quanto custa a mão de obra
A mão de obra representa uma das partes mais importantes do orçamento. Em 2025, o custo médio tem aumentado, acompanhando a valorização dos profissionais do setor.
Existem diferentes formas de cobrança:
-
Diária: ideal para serviços pequenos, como pintura de um cômodo ou instalação de piso.
-
Empreitada (por m² ou serviço): usada em obras maiores, quando o escopo está bem definido. Um pedreiro, por exemplo, pode cobrar cerca de R$ 45 por m² para demolição de paredes.
-
Percentual sobre o valor total da obra: opção comum entre arquitetos e engenheiros, que podem cobrar de 5% a 15% do custo total para supervisionar a reforma.
Profissionais especializados, como eletricistas e encanadores, também cobram valores diferenciados. Uma revisão completa na parte elétrica de uma casa média pode custar entre R$ 3 mil e R$ 8 mil, dependendo da complexidade.
Materiais de construção: o que mais pesa no orçamento
Os materiais podem consumir até 60% do valor total da reforma, especialmente se o morador optar por produtos de qualidade superior.
Em 2025, o setor tem registrado alta nos insumos básicos, como cimento, ferro e cerâmica.
Veja exemplos de preços médios:
-
Tinta acrílica: cerca de R$ 70/m² incluindo a mão de obra.
-
Revestimentos simples: a partir de R$ 70/m².
-
Granitos e mármores: variam de R$ 300 a R$ 2.000/m².
-
Sistemas de energia solar ou aquecimento: podem ultrapassar R$ 15 mil, mas oferecem economia de longo prazo.
Planejar e comparar preços é essencial para não estourar o orçamento e garantir o melhor aproveitamento do crédito.
Como calcular o custo total da reforma
Antes de contratar o financiamento, o ideal é montar um orçamento detalhado, considerando cada etapa do projeto.
Veja um passo a passo prático:
-
Defina o escopo: liste tudo o que precisa ser feito — desde trocar o piso até construir um novo banheiro.
-
Calcule a metragem: meça cada cômodo e estime o total da área a ser reformada.
-
Peça orçamentos: consulte três ou mais profissionais e lojas de materiais, comparando preços e prazos.
-
Inclua taxas e encargos: lembre-se de inserir custos de transporte, limpeza e acompanhamento técnico.
-
Reserve uma margem de segurança: separe 10% a 20% do valor total para imprevistos, como consertos extras.
Esse planejamento evita que o empréstimo acabe antes da obra e ajuda a garantir o uso responsável do crédito.
Onde solicitar o crédito para reforma
Os financiamentos serão operados por instituições financeiras federais, especialmente a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, parceiros tradicionais do programa Minha Casa, Minha Vida.
Segundo o Ministério das Cidades, os bancos receberão as solicitações e farão a análise de crédito e renda, além de verificar se o imóvel está em área elegível.
O interessado deverá apresentar:
-
Documento de identidade e CPF;
-
Comprovante de residência;
-
Comprovante de renda (holerite, declaração de autônomo, extrato bancário);
-
Documentação do imóvel (matrícula, IPTU ou contrato de compra e venda).
Após a aprovação, o dinheiro será liberado em parcelas conforme o andamento da obra — prática comum em programas habitacionais para garantir o uso correto dos recursos.
Critérios de sustentabilidade e segurança
O programa não busca apenas reformar, mas também melhorar a qualidade de vida e a segurança das moradias.
Por isso, as obras financiadas deverão cumprir requisitos de salubridade, acessibilidade e eficiência energética.
Intervenções que eliminem infiltrações, ampliem a ventilação, substituam instalações elétricas antigas ou incluam sistemas de captação de energia solar terão prioridade.
O objetivo é que as casas se tornem mais seguras, saudáveis e sustentáveis, reduzindo riscos de acidentes e aumentando o conforto das famílias.
Impacto econômico e social
O governo estima que a medida deve impulsionar a economia, movimentando até R$ 30 bilhões até 2026 e gerando milhares de empregos no setor da construção civil — um dos que mais emprega no país.
Além de melhorar as condições de moradia, o programa também deve aquecer o comércio de materiais de construção, incentivar a formalização de trabalhadores e aumentar a arrecadação local.
Para o consumidor, trata-se de uma oportunidade rara: juros baixos, prazos flexíveis e a chance de valorizar o próprio imóvel com apoio público.
Dicas para aproveitar o crédito com sabedoria
Mesmo com juros reduzidos, o crédito deve ser usado com planejamento e responsabilidade. Veja algumas orientações para quem pensa em aproveitar o programa:
-
Evite improvisos: planeje o projeto antes de pedir o empréstimo.
-
Não exagere no valor: peça apenas o necessário para a obra planejada.
-
Pesquise fornecedores locais: além de economizar, você estimula a economia da sua cidade.
-
Priorize melhorias estruturais: conserte vazamentos, parte elétrica e telhado antes de investir em estética.
-
Guarde notas e comprovantes: o governo pode solicitar prestação de contas.
Esses cuidados ajudam a garantir que o investimento traga conforto, segurança e valorização real do imóvel.