Mercado Livre surpreende e lança assinatura com Netflix, Disney+, HBO Max e Apple TV por R$ 39,90! Entenda o que muda e o que está incluso

O Mercado Livre decidiu dar um passo ousado. E não foi pequeno. A empresa — já gigante no comércio eletrônico latino-americano — anunciou um novo plano de assinatura “mega”, que promete abalar tanto o varejo online quanto o mundo do entretenimento digital.
A partir de 15 de outubro, a companhia vai oferecer um pacote mensal que reúne Netflix, Disney+, Apple TV+ e HBO Max — os quatro maiores serviços de streaming do planeta — por R$ 39,90 nos dois primeiros meses e, depois, R$ 74,90 mensais.
Mas não para por aí. O plano também inclui frete grátis para compras a partir de R$ 19 com entrega no mesmo dia, dentro de um modelo de fidelidade que busca integrar compras, entretenimento e serviços financeiros.
Se antes o Mercado Livre era apenas um marketplace com entregas rápidas, agora ele quer se tornar também o “super app” do consumidor digital brasileiro.
Como funciona o novo plano “mega” do Mercado Livre
Segundo o vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, o novo plano é fruto de mais de um ano de negociações com cada uma das plataformas de streaming. A ideia foi criar algo inédito no mundo: um único plano de assinatura que reúne os quatro principais streamings globais.
“Os players fizeram condições diferenciadas e o Mercado Livre também aportou uma parte, de modo que os benefícios se pagam”, explicou Yunes em entrevista à Reuters.
Na prática, o novo pacote oferece:
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Acesso aos quatro streamings (Netflix, Disney+, HBO Max e Apple TV) com login oficial e legalizado;
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Frete grátis para compras acima de R$ 19, com entrega no mesmo dia nas cidades com cobertura logística;
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Descontos especiais em produtos selecionados e prioridade em promoções;
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Acesso ao Mercado Pago com benefícios adicionais, como cashback e rendimento diário.
Nos dois primeiros meses, o plano custará R$ 39,90, um preço quase simbólico para quem já paga, por exemplo, R$ 18,90 só pela Netflix básica com anúncios.
Após esse período promocional, o valor sobe para R$ 74,90, ainda competitivo, já que as quatro assinaturas separadas custariam mais de R$ 110 por mês.
Os antigos planos do Mercado Livre e o que muda agora
Antes dessa novidade, o Mercado Livre mantinha dois planos de assinatura, sendo que apenas o intermediário incluía streaming da Disney+ e Star+.
Com o novo modelo, a empresa passa a oferecer três opções:
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Plano Essencial (R$ 9,90/mês) — Foco em frete reduzido e cashback;
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Plano Plus (R$ 19,90/mês) — Inclui streaming Disney+;
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Plano Mega (R$ 39,90 nos dois primeiros meses, depois R$ 74,90) — Inclui Netflix, Disney+, Apple TV e HBO Max + frete grátis com entrega no mesmo dia.
O objetivo é claro: transformar o programa de fidelidade do Mercado Livre em um ecossistema completo, onde o consumidor compra, paga, assiste e recebe tudo em um só lugar.
Frete grátis e entrega no mesmo dia: a nova aposta
A cereja do bolo está na entrega ultrarrápida. A partir de 15 de outubro, os três planos passam a incluir frete grátis para compras a partir de R$ 19 com entrega no mesmo dia em cidades com operação logística direta.
Essa é uma jogada estratégica, principalmente diante da pressão de concorrentes como Shopee, Amazon e a recém-chegada Temu, que disputam a atenção dos consumidores com preços baixos e fretes rápidos.
Mas o Mercado Livre tem uma vantagem: infraestrutura logística própria. Hoje, a empresa já conta com 25 centros de fulfillment (armazenamento e distribuição), com previsão de chegar a 27 até o fim de 2025.
Enquanto a Shopee ainda depende de parcerias locais, o Mercado Livre já controla toda a jornada — da compra à entrega —, garantindo velocidade e confiabilidade.
Black Friday e Natal: o timing perfeito
O lançamento do novo plano não foi à toa. Ele chega no aquecimento da Black Friday e das promoções de fim de ano, quando milhões de consumidores recorrem às plataformas online para comprar presentes e aproveitar descontos.
Yunes foi direto:
“Estamos na época mais aquecida do varejo online. Tivemos um crescimento super forte no segundo trimestre e seguimos acelerando bastante.”
A estratégia é simples e poderosa: fidelizar o cliente antes do período de maior consumo do ano. Afinal, quem já paga uma assinatura com frete grátis tende a comprar mais dentro da mesma plataforma.
Mercado Livre x Shopee: uma guerra de logística
Enquanto o Mercado Livre investe bilhões em infraestrutura, a Shopee também acelera. A empresa de origem asiática inaugurou seu 12º centro de distribuição no Brasil, operando no formato cross-docking, em que os produtos passam rapidamente pelo local sem armazenagem.
Mesmo assim, o Mercado Livre segue à frente, com quase o dobro de centros logísticos, e um sistema de armazenamento completo (fulfillment), que reduz o tempo de entrega e amplia o controle da operação.
Para o consumidor, isso significa mais agilidade e menos dor de cabeça com atrasos — um ponto crucial na escolha de onde comprar.
Um plano que mira o entretenimento e o bolso do brasileiro
O novo combo de streaming não é apenas uma jogada de marketing: é uma resposta direta à fragmentação do entretenimento digital.
Hoje, o brasileiro médio precisa assinar três ou quatro plataformas diferentes para acompanhar seus filmes e séries favoritos. O resultado? Faturas acumuladas e confusão de senhas.
O Mercado Livre enxergou esse problema e resolveu simplificar a vida das pessoas, oferecendo um pacote único, mais acessível e com bônus reais — como o frete grátis e o cashback no Mercado Pago.
Além disso, segundo Yunes, o objetivo é aumentar a frequência de uso do aplicativo e manter o consumidor dentro do ecossistema por mais tempo.
Mercado Pago e fidelização: uma dupla poderosa
Não é segredo que o Mercado Pago se tornou um braço essencial da operação. O banco digital já responde por uma fatia relevante do faturamento do grupo, e a integração com o plano de assinatura é o passo seguinte.
Com o programa de fidelidade, os clientes recebem cashback direto na conta digital, além de rendimento automático diário, que funciona como uma “poupança turbinada”.
Na prática, o Mercado Livre está criando um círculo virtuoso: o consumidor assina, ganha cashback, usa o saldo para comprar mais produtos e, no processo, continua gerando receita para a empresa.
O impacto no mercado e a visão dos analistas
A novidade não passou despercebida pelos analistas de mercado. O JPMorgan, por exemplo, ajustou recentemente o preço-alvo das ações do Mercado Livre de US$ 2.700 para US$ 2.600, mas manteve a recomendação neutra.
Segundo o banco, o motivo não está na estratégia de assinaturas, mas na forte concorrência e nos altos investimentos em frete grátis no Brasil — um custo que pesa no curto prazo, mas pode gerar fidelização de longo prazo.
No segundo trimestre de 2025, o Mercado Livre registrou lucro abaixo das expectativas, mas sua receita cresceu 34%, alcançando US$ 6,8 bilhões — acima das projeções do mercado.
Ou seja: a empresa lucra menos agora, mas cresce mais rápido do que nunca.
Investimentos recordes: R$ 34 bilhões no Brasil em 2025
E esse crescimento não vem de graça. O Mercado Livre anunciou um investimento recorde de R$ 34 bilhões no Brasil ao longo de 2025, destinado à expansão logística, tecnologia e geração de empregos.
Com isso, a empresa pretende criar 14 mil novos postos de trabalho, chegando a 50 mil funcionários diretos no país até o fim do ano.
Além da força de trabalho, a companhia quer triplicar a capacidade de entrega rápida e fortalecer ainda mais sua rede aérea e terrestre, que já é uma das maiores da América Latina.
Logística como diferencial competitivo
A logística é o coração do Mercado Livre — e o que o diferencia de boa parte dos concorrentes.
O sistema da empresa se apoia em quatro pilares:
1. Centros de distribuição
São os pontos estratégicos que armazenam e distribuem produtos. Em 2025, o Mercado Livre planeja 21 centros ativos, três vezes mais do que a Amazon tem hoje no Brasil.
2. Frota própria de veículos
A companhia investe pesado em carros, vans e caminhões próprios, o que permite controlar melhor os prazos e evitar atrasos.
3. Pontos de retirada
Espalhados por cidades grandes e médias, facilitam o acesso do consumidor e reduzem custos de entrega.
4. Operação aérea
Com aviões dedicados, o Mercado Livre encurta distâncias e realiza entregas em tempo recorde, inclusive em regiões mais remotas.
Com essa estrutura, a empresa conseguiu atingir uma participação de mercado de 40% no e-commerce brasileiro, o dobro do que tinha em 2020.
Aposta no entretenimento, mas sem virar produtora
Com tantos investimentos no setor audiovisual, seria natural imaginar que o Mercado Livre poderia, no futuro, criar seu próprio estúdio, como a Amazon fez com o Prime Video.
Mas, segundo Pablo Garcia, vice-presidente de entretenimento e fidelidade da empresa no Brasil, isso está fora dos planos:
“Nós somos imparciais em conteúdo e não temos uma agenda. Somos o parceiro ideal para os serviços de streaming. Não fizemos isso agora e não vamos fazer.”
Ou seja: o Mercado Livre quer ser o intermediário perfeito, e não o criador de conteúdo. O foco é na experiência do cliente e na integração dos serviços.
O futuro do ecossistema Mercado Livre
Com 100 milhões de compradores na América Latina e o Brasil representando 60% do negócio total, o Mercado Livre deixou claro que quer dominar o e-commerce e o entretenimento da região.
A estratégia de reunir frete grátis, streaming e benefícios financeiros é um movimento ousado — e um aviso direto para Amazon, Shopee e outras gigantes: a disputa pelo consumidor brasileiro está só começando.
O plano de fidelidade se tornou uma peça-chave para o futuro da empresa, com a meta de transformar “alguns milhões” de assinantes em “dezenas de milhões” até o fim de 2025.
E, considerando o apelo do combo — Netflix, Disney+, HBO Max e Apple TV num só lugar —, parece que o Mercado Livre está pronto para entregar muito mais do que produtos: está vendendo praticidade, tempo e diversão.