Você já passou por um pedágio automático, aquelas cancelas que funcionam com tag eletrônica, e resolveu acelerar um pouquinho a mais porque não tinha ninguém na frente? Pois saiba que isso pode sair bem caro. Em 2024, só em São Paulo, foram mais de 20 mil multas aplicadas a motoristas que ignoraram o limite de 40 km/h nas praças automáticas, segundo a Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo).
Esse número impressiona porque mostra que muita gente não leva a sério os limites de velocidade nesses locais — e o resultado é dor de cabeça, dinheiro indo embora e pontos a mais na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O que diz a lei sobre a velocidade no pedágio
O limite de 40 km/h não é invenção das concessionárias. Ele está previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB)desde 1997. E as penalidades mudaram depois da Lei nº 14.071/2020, que deixou as regras ainda mais claras.
Basicamente, o CTB divide as multas por velocidade em três categorias:
Infração média: quando a velocidade passa até 20% do limite.
No caso do pedágio: até 48 km/h → multa de R$ 130,16 e 4 pontos na CNH.Infração grave: quando a velocidade está entre 20% e 50% acima do limite.
No pedágio: até 60 km/h → multa de R$ 195,23 e 5 pontos na CNH.Infração gravíssima: quando o motorista ultrapassa 50% do limite.
No pedágio: acima de 60 km/h → multa de R$ 880,41 e 7 pontos na CNH.
Ou seja, se você passa a 65 km/h porque acha que “é rapidinho”, prepare o bolso — e a carteira de motorista também.
Por que existe esse limite nos pedágios automáticos?
Muita gente acha que o limite de 40 km/h é apenas para arrecadar mais dinheiro com multas. Mas, na verdade, ele tem uma função bem importante: segurança e tecnologia funcionando corretamente.
Primeiro, porque os pedágios automáticos, conhecidos como free flow, utilizam sensores, câmeras e radares que precisam ler os dados do veículo com precisão. Se o carro passa rápido demais, a chance de erro aumenta.
Segundo, porque colisões traseiras são bem mais comuns do que se imagina nesses locais. Um carro freando de repente e outro vindo a 80 km/h atrás pode gerar um acidente grave.
Além disso, veículos grandes, como caminhões e ônibus, precisam de mais espaço para parar. Então, manter a velocidade baixa ajuda todo mundo a passar sem sustos.
Como funciona a fiscalização nos pedágios
Os pedágios automáticos têm uma estrutura tecnológica bem avançada. Radares, sensores de peso e câmeras de alta definição ficam instalados nas pistas.
Esses equipamentos enviam dados em tempo real para o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Se a velocidade está acima do permitido, a multa é gerada automaticamente e vai direto para o sistema de trânsito.
Segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), em 2023 mais de 90% dos pedágios automáticos no Brasil já tinham esse monitoramento eletrônico contínuo.
Ou seja: não adianta torcer para o radar estar desligado — ele está funcionando.
Quanto isso pesa no bolso e na CNH
Além do valor da multa, tem outro detalhe que preocupa: os pontos na carteira.
Com 20 pontos em 12 meses, o motorista já pode perder a CNH, caso tenha cometido duas infrações gravíssimas.
E se tiver 30 pontos, mesmo sem gravíssimas, a suspensão também pode acontecer.
Agora imagine: duas passadas acima de 60 km/h no pedágio, e lá se vai metade da pontuação máxima permitida.
Sem contar o dinheiro: R$ 880,41 não é pouco, principalmente quando a multa poderia ter sido evitada simplesmente reduzindo a velocidade.
Como evitar multas e dores de cabeça
Para não correr riscos, existem algumas recomendações simples, mas que fazem toda a diferença:
Reduza a velocidade antes da praça de pedágio: não espere ver a placa para frear.
Mantenha distância do carro da frente: pelo menos 30 metros para evitar freadas bruscas.
Se der problema na tag eletrônica, não avance: acione o pisca-alerta e aguarde ajuda.
Prefira a cabine manual se perceber qualquer falha no sistema, em vez de tentar passar de qualquer jeito.
Essas dicas foram reforçadas pela Resolução nº 798 do Contran, que trouxe regras específicas para os pedágios automáticos a partir de 2020.
O papel da educação no trânsito
Especialistas em segurança viária defendem que a fiscalização é importante, mas a educação no trânsito precisa caminhar junto.
Muita gente só respeita os 40 km/h por medo da multa. Mas a ideia é que os motoristas entendam que esse limite protege vidas, não apenas o bolso.
Campanhas educativas, placas informativas e alertas luminosos ajudam a lembrar o motorista da importância de reduzir a velocidade.
E o futuro dos pedágios automáticos?
Com o avanço da tecnologia, os pedágios automáticos vão ficar cada vez mais comuns no Brasil. O free flow elimina a necessidade de parar o carro para pagar a tarifa, o que traz mais fluidez para as rodovias.
Mas, junto com essa modernidade, virão radares mais precisos e integração com sistemas estaduais e federais. Ou seja: a tolerância para quem ultrapassa o limite deve ficar ainda menor.
Exceder o limite custa caro — em todos os sentidos
No fim das contas, acelerar além dos 40 km/h no pedágio não vale a pena. O risco de multa é alto, os pontos na carteira podem acumular rápido e os acidentes podem ter consequências graves.
Respeitar a velocidade significa não apenas evitar dor de cabeça financeira, mas também proteger vidas — a sua, a da sua família e a de quem está na estrada trabalhando.
