Se tem um mistério culinário que intriga todo mundo, é esse: por que a gente chora quando corta cebola? Não importa se você é um chef profissional ou alguém que só entra na cozinha para preparar um macarrão, basta encostar a faca na cebola que, de repente, os olhos começam a arder e as lágrimas aparecem. Parece até drama de novela mexicana, mas a explicação é científica — e bem mais divertida do que parece.
Neste texto, vamos mergulhar nesse universo “lacrimoso” da cebola, entender o motivo real das lágrimas e, claro, revelar truques certeiros para cortar sem chorar. Tudo de forma leve, simples e divertida, para que qualquer pessoa consiga compreender.
O segredo escondido dentro da cebola
A primeira coisa que você precisa saber é que a cebola não tem nada contra você. Ela não é má, não guarda rancor e muito menos foi criada para te fazer chorar. O que acontece é pura química.
Quando você corta uma cebola, está rompendo milhares de células microscópicas que ficam dentro dela. Essas células guardam enzimas e compostos de enxofre. Separados, eles são inofensivos. Mas quando se encontram, formam um gás chamado óxido de propanotial-S.
Esse nome complicado nada mais é do que o responsável por atacar nossos olhos. Ao entrar em contato com a superfície ocular, esse gás se mistura com a água das lágrimas naturais e forma uma espécie de ácido fraco. É isso que irrita os olhos e faz com que eles produzam ainda mais lágrimas como defesa. Ou seja: seus olhos estão apenas tentando se proteger.
Por que só acontece com a cebola (e não com o tomate, por exemplo)?
Já se perguntou por que só a cebola tem esse poder? A resposta está justamente no tipo de defesa natural que ela desenvolveu ao longo da evolução.
As cebolas cresceram no solo, vulneráveis a insetos e animais que poderiam devorá-las. Então, criaram essa “arma química” como forma de espantar predadores. Ou seja: quando você corta uma cebola, ela acha que está sendo atacada e libera o gás como um escudo natural.
O tomate, por exemplo, não precisa desse recurso. Ele aposta em outro truque: ser doce, saboroso e atrair animais para espalhar suas sementes. Já a cebola preferiu ser “ardida e chorona”.
Os mitos mais engraçados sobre cortar cebola
Ao longo do tempo, a humanidade inventou as soluções mais criativas (e bizarras) para tentar cortar cebola sem chorar. Entre elas:
Morder um pedaço de pão: dizem que o pão absorve o gás antes que ele chegue aos olhos.
Acender uma vela ao lado: a chama queimaria parte do gás liberado.
Colocar uma colher na boca: como se o metal fosse capaz de segurar o composto.
Usar óculos de natação: sim, tem gente que corta cebola parecendo pronta para cair na piscina.
Algumas dessas técnicas até podem ajudar um pouco, mas muitas não passam de folclore culinário.
As técnicas que realmente funcionam
Agora, vamos à parte que interessa: como cortar cebola sem chorar de verdade. A ciência já nos deu alguns truques práticos e acessíveis:
1. Use faca bem afiada
Quanto mais afiada a faca, menos células da cebola você vai esmagar. E quanto menos células rompidas, menos gás será liberado.
2. Corte próximo a uma corrente de ar
Se você tiver um ventilador na cozinha ou até mesmo um exaustor ligado, posicione a tábua perto. O vento ajuda a dispersar o gás antes que ele chegue aos seus olhos.
3. Coloque a cebola na geladeira
Deixar a cebola na geladeira por 30 minutos antes de cortar faz com que as reações químicas sejam mais lentas. O frio diminui a liberação do gás irritante.
4. Corte debaixo da água
Pode parecer estranho, mas funciona. Quando você corta a cebola embaixo da água, o gás é dissolvido ali mesmo e não chega aos seus olhos.
5. Evite cortar a raiz
É justamente na raiz da cebola que se concentra a maior parte das substâncias que causam lágrimas. Cortar essa parte por último pode reduzir bastante o choro.
Existe cebola que não faz chorar?
Boa notícia: sim! Em alguns países, como os Estados Unidos, já existem variedades chamadas de “cebolas doces” ou até mesmo versões cultivadas geneticamente para não liberar o famoso gás lacrimogêneo.
No entanto, essas versões ainda não são tão comuns no Brasil. Por aqui, a solução é se adaptar com as técnicas caseiras mesmo.
A relação de amor e ódio com a cebola
Apesar de nos fazer chorar, a cebola continua sendo uma das estrelas da cozinha. Não dá para negar: ela transforma qualquer prato. Seja no arroz, no feijão, na carne ou na salada, sua presença faz diferença no sabor.
Esse amor e ódio que temos com a cebola é curioso. Ao mesmo tempo que reclamamos das lágrimas, não conseguimos abrir mão dela no dia a dia. Talvez seja justamente por isso que a cebola seja considerada um dos ingredientes mais universais do mundo, usada em praticamente todas as culturas gastronômicas.
A ciência continua de olho na cebola
Acredite: existem cientistas que dedicam pesquisas inteiras para entender a cebola. Em 2015, por exemplo, pesquisadores japoneses conseguiram desenvolver uma cebola que, em vez de fazer chorar, ativa substâncias que dão prazer e bem-estar.
É como se a cebola tivesse se transformado em uma versão “boa vibe”. Por enquanto, essa inovação ainda está longe das nossas prateleiras, mas mostra como até algo tão comum pode ser alvo de estudos avançados.
Cebola: vilã das lágrimas, mocinha da saúde
Se por um lado ela arranca lágrimas, por outro lado, a cebola traz inúmeros benefícios para a saúde. Entre eles:
É rica em antioxidantes, que ajudam a combater o envelhecimento precoce.
Contém quercetina, uma substância que auxilia na prevenção de doenças cardíacas.
Tem propriedades anti-inflamatórias, ótimas para o sistema imunológico.
Pode até ajudar no controle da pressão arterial.
Ou seja: mesmo que você chore ao cortar, seu corpo agradece quando você consome.
A pergunta que fica
Depois de tudo isso, a verdade é que a cebola não é nossa inimiga. Ela só está tentando se defender, e nós é que acabamos no papel de vítimas lacrimosas. Mas, com os truques certos, dá para preparar aquele refogado sem parecer que está vivendo um drama.
