O espirro é uma reação natural do corpo, um reflexo rápido que expulsa ar em alta velocidade pelo nariz e pela boca. Acontece quando algo irrita as vias respiratórias: poeira, alergias, perfumes fortes, mudanças de temperatura. Mas muita gente tem o hábito de segurar o espirro por vergonha, por estar em público ou simplesmente para não chamar atenção. Só que essa prática, aparentemente inofensiva, pode gerar consequências inesperadas para a saúde.
Médicos alertam que segurar o espirro pode ser bem mais perigoso do que parece. Para entender os riscos, é preciso compreender primeiro a força por trás desse reflexo.
A força de um espirro: mais potente do que você imagina
Um espirro comum pode alcançar a velocidade de 160 km/h, equivalente à de um carro na estrada. Em frações de segundo, o corpo expulsa partículas e microgotículas para limpar as vias respiratórias.
Quando o espirro é contido, essa energia precisa sair de algum jeito. Como o ar não encontra caminho para fora, ele se desloca internamente e exerce uma pressão intensa em estruturas delicadas do corpo, como o nariz, os ouvidos, os olhos e até mesmo vasos sanguíneos do cérebro.
Risco 1: ruptura de vasos sanguíneos
O esforço para segurar o espirro pode gerar picos de pressão interna. Existem casos médicos documentados em que pessoas sofreram pequenas hemorragias nos olhos ou no nariz após tentar reprimir esse reflexo natural. Embora a maioria dos episódios seja leve, a situação pode se agravar em quem já tem fragilidade nos vasos ou pressão alta.
Risco 2: lesão no tímpano
Os ouvidos também estão na linha de frente. Ao prender o espirro, a pressão que deveria sair pela boca e pelo nariz pode se redirecionar para a trompa de Eustáquio, um canal que liga o nariz ao ouvido médio. Essa pressão exagerada pode causar perfuração do tímpano, algo que, além de doloroso, compromete temporariamente a audição e exige tratamento médico.
Risco 3: problemas na garganta
Outro ponto pouco comentado é a região da garganta. Existem registros de pacientes que, ao segurar um espirro, sofreram ruptura na mucosa da faringe. Esse tipo de lesão pode provocar dor intensa, dificuldade para engolir e até acúmulo de ar em locais impróprios, causando inchaço e desconforto.
Risco 4: pressão nos olhos
Quem já espirrou forte sabe que os olhos parecem “pular” para frente. Isso acontece porque os vasos e músculos oculares também sentem o impacto da pressão. Embora raro, segurar um espirro pode causar pequenas hemorragias na retina ou em outras estruturas dos olhos, especialmente em pessoas com problemas prévios de visão ou histórico de glaucoma.
Risco 5: complicações mais graves (embora raras)
Casos extremos já foram relatados em revistas médicas: fraturas de costelas, descolamento de retina e até ruptura de aneurisma cerebral após a contenção de espirros muito fortes. Esses eventos são raríssimos, mas mostram como a pressão acumulada pode gerar situações perigosas em organismos mais vulneráveis.
Por que as pessoas seguram o espirro?
Mesmo sabendo que o espirro é natural, muitos ainda tentam evitar por razões sociais. Em ambientes silenciosos, durante uma reunião de trabalho ou no transporte público, a reação automática de levar a mão ao nariz e bloquear a saída do ar parece uma solução rápida.
Outro motivo é a preocupação com higiene. Espirros espalham microgotículas que podem transmitir vírus e bactérias. Assim, para não “espalhar” algo, algumas pessoas preferem conter completamente o reflexo.
Mas, segundo especialistas, há formas seguras de espirrar sem colocar sua saúde em risco e sem incomodar os outros.
Como espirrar de forma segura em público
Em vez de segurar, a recomendação é espirrar cobrindo o nariz e a boca com um lenço descartável ou com o antebraço. Essa prática reduz a disseminação de partículas e evita constrangimentos.
Outro ponto importante é se afastar discretamente de outras pessoas ao perceber que o espirro está vindo. Isso demonstra cuidado com a própria saúde e com a dos outros, sem prejudicar o corpo ao reprimir o reflexo.
O que os médicos recomendam
Médicos otorrinolaringologistas e pneumologistas são unânimes: não se deve segurar o espirro. O organismo possui esse mecanismo justamente para eliminar agentes irritantes ou infecciosos.
Quando o reflexo é bloqueado, o corpo perde a chance de se proteger, além de correr os riscos relacionados à pressão interna. Por isso, o ideal é permitir que o espirro siga seu curso, tomando apenas cuidados de higiene e etiqueta.
Espirro e o sistema imunológico
Além de limpar as vias respiratórias, o espirro também tem uma função ligada à defesa do corpo. Ele ajuda a remover partículas estranhas antes que cheguem mais fundo nos pulmões. Segurar o espirro, portanto, atrapalha esse processo natural e pode favorecer que alérgenos e microrganismos permaneçam nas vias aéreas.
Espirro e pressão arterial
Outro detalhe curioso é a relação com a pressão arterial. O espirro causa uma rápida alteração no ritmo cardíaco, algo semelhante ao que acontece quando tossimos ou fazemos força. Em pessoas com hipertensão, o ato de segurar pode causar picos ainda maiores, aumentando o risco de pequenos acidentes vasculares.
O que fazer quando o espirro vem em momentos constrangedores
Tenha lenços à mão: eles ajudam a espirrar de forma discreta.
Use o antebraço: se não tiver lenço, essa é a alternativa mais higiênica.
Afaste-se um pouco: levante-se ou vire o rosto para o lado.
Não bloqueie totalmente o ar: tente espirrar de forma mais controlada, mas nunca segure completamente.
O mito do coração parar ao espirrar
Muita gente já ouviu a frase: “o coração para quando a gente espirra”. Isso não é verdade. O que acontece é uma breve alteração no ritmo cardíaco por conta da pressão no peito, mas o coração não chega a parar. Esse mito persiste há décadas, mas não tem comprovação científica.
Quando procurar um médico após segurar um espirro
Na maioria das vezes, segurar um espirro não causa danos graves. Mas se, depois de tentar reprimir, a pessoa sentir:
dor intensa no ouvido,
zumbido,
perda de audição,
dor na garganta,
inchaço no pescoço,
visão embaçada,
é fundamental procurar atendimento médico. Esses sintomas podem indicar que houve algum rompimento de tecido ou vaso sanguíneo.
