Economia

Imposto de Renda no Brasil tem surpresa revelada para quem ganha mais de 5 salários mínimos no Brasil

Quem paga mais imposto no Brasil? Estudo mostra que a conta pesa mais no bolso da classe média do que dos super-ricos

Falar de Imposto de Renda (IR) nunca é algo leve. A maioria das pessoas já sente um frio na barriga só de ouvir a palavra “declaração”. Mas um estudo recente do Sindifisco Nacional revelou uma curiosidade que parece até piada pronta: quem ganha mais de cinco salários mínimos paga uma alíquota efetiva maior que os super-ricos, aqueles que recebem acima de 240 salários mínimos por mês.

Isso mesmo! O brasileiro de classe média, que muitas vezes sente que já está com o orçamento no limite, acaba pagando proporcionalmente mais imposto de renda do que quem está no topo da pirâmide. Parece estranho? Vamos entender juntos.

O que o estudo mostrou

O levantamento foi feito com base nos dados da Receita Federal sobre as declarações de Imposto de Renda de 2023. Só para situar: naquele ano, o salário mínimo foi de R$ 1.302 até abril e de R$ 1.320 a partir de maio.

Os números chamam a atenção:

  • Para quem recebe entre 240 e 320 salários mínimos mensais, a alíquota efetiva de IR foi de 5,18%.

  • Já acima de 320 salários mínimos, a taxa sobe só um pouquinho, para 5,28%.

  • Enquanto isso, quem ganha entre 5 e 7 salários mínimos paga uma alíquota de 6,63%.

  • A maior alíquota média encontrada foi de 11,41%, aplicada a quem ganha entre 15 e 20 salários mínimos.

Ou seja, até um certo ponto, o imposto é progressivo: quanto mais você ganha, mais você paga. Mas depois de determinada faixa, acontece o contrário: ele se torna regressivo, e os mais ricos acabam pagando proporcionalmente menos.

Por que isso acontece?

A principal explicação está no tipo de rendimento declarado. Quem ganha salários mais modestos, até 2 salários mínimos, tem a maior parte da renda considerada tributável (ou seja, sujeita à tabela do Imposto de Renda). Nesse caso, 85,2% da renda é tributável.

Já entre os super-ricos, a situação se inverte: 71% da renda é isenta ou não tributável. Isso porque boa parte dos ganhos vem de lucros e dividendos, que estão isentos de imposto no Brasil desde 1996.

Para se ter uma ideia, só em 2023 os brasileiros declararam R$ 700,17 bilhões em lucros e dividendos isentos. Esse valor foi 14% maior que o do ano anterior.

Ou seja: enquanto o trabalhador assalariado paga imposto direto sobre o que recebe, quem tem capital investido e empresas se beneficia de isenções que reduzem muito a alíquota efetiva.

Um sistema que pesa mais para quem ganha menos

O Sindifisco foi claro em seu estudo: o modelo atual não é isonômico nem equitativo. Em bom português, isso significa que ele não trata todos de forma justa.

Na prática, quem depende do salário paga mais imposto proporcionalmente do que quem tem renda vinda de investimentos ou participação em empresas. Isso aumenta a desigualdade, já que o sistema, que deveria ser progressivo, acaba virando uma espécie de “inversão de lógica”: a classe média paga mais do que os super-ricos.

E o que está acontecendo no Congresso?

Enquanto o debate sobre justiça tributária esquenta, na Câmara dos Deputados está tramitando um projeto de lei (PL 1087/2025) que pode mexer bastante no bolso dos brasileiros.

A proposta prevê:

  • Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

  • Redução parcial do IR para quem recebe até R$ 7.350.

O projeto, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), já passou por comissão especial, mas ainda não foi votado no plenário. Segundo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a prioridade é votar essa medida, considerada urgente.

Se o Congresso não avançar, existe até a possibilidade de o governo editar uma Medida Provisória para acelerar a aplicação da isenção.

Por que isso importa para você?

Pode parecer um debate distante, mas mexe diretamente no bolso do trabalhador. Se a proposta for aprovada, milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto de renda.

Por outro lado, especialistas defendem que uma verdadeira reforma só vai acontecer se o Brasil voltar a tributar lucros e dividendos — algo que acontece em boa parte dos países do mundo, mas que aqui está isento há quase 30 anos.

Enquanto isso não acontece, o cenário continua sendo de desequilíbrio: o peso do IR recai sobre quem está no meio da pirâmide, enquanto o topo, que concentra mais riqueza, acaba pagando menos proporcionalmente.

O que podemos esperar daqui para frente

O tema deve continuar no centro do debate político. A pressão por mudanças vem tanto da sociedade civil quanto de entidades como o próprio Sindifisco, que defendem uma reforma mais ampla.

Mas como sabemos, mexer em impostos nunca é fácil. De um lado, há resistência de setores econômicos poderosos. Do outro, existe a necessidade de aliviar a carga sobre os assalariados e tornar o sistema mais justo.

O que parece certo é que a discussão sobre o Imposto de Renda no Brasil em 2025 vai continuar movimentando não só os corredores de Brasília, mas também a vida de quem sente no bolso essa diferença de tratamento.

O estudo do Sindifisco Nacional joga luz sobre um ponto que muita gente já suspeitava: o sistema de Imposto de Renda no Brasil não é tão progressivo quanto parece.

Enquanto o trabalhador que ganha um salário razoável paga de fato uma alíquota alta, os super-ricos, que concentram grande parte da renda em lucros e dividendos, conseguem pagar menos.

O debate que se abre agora é se o país terá coragem de rever essa lógica e implementar medidas que realmente tornem o sistema mais justo — ou se continuaremos com uma estrutura que, no fim das contas, cobra mais de quem tem menos e alivia para quem tem mais.

Resumo rápido para quem gosta de ir direto ao ponto:

  • Quem ganha de 5 a 7 salários mínimos paga 6,63% de IR efetivo.

  • Super-ricos, com renda acima de 240 salários mínimos, pagam só 5,18% a 5,28%.

  • A explicação está na isenção de lucros e dividendos, em vigor desde 1996.

  • Projeto no Congresso quer isentar quem ganha até R$ 5 mil.

  • Especialistas defendem que só uma reforma ampla pode corrigir a distorção.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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