Gás do Povo substitui Auxílio Gás e promete botijão gratuito em 2025: veja quem terá direito, como retirar e quando começa o benefício
O governo federal anunciou, na última quinta-feira (4/9), o lançamento do Gás do Povo, um programa social que promete transformar o acesso ao gás de cozinha no Brasil. A iniciativa substitui o antigo Auxílio Gás e tem como objetivo garantir que milhões de famílias em situação de vulnerabilidade possam retirar botijões de gás (GLP) de forma gratuita, diretamente em distribuidoras credenciadas.
A expectativa do Planalto é de que cerca de 15,5 milhões de famílias sejam contempladas, alcançando aproximadamente 50 milhões de brasileiros em todo o país.
O que é o programa Gás do Povo?
O Gás do Povo foi criado para substituir o modelo do Auxílio Gás, que funcionava por meio do repasse de um valor em dinheiro às famílias cadastradas. Agora, em vez de receber o recurso na conta, os beneficiários terão direito a vouchers eletrônicos ou impressos que poderão ser usados exclusivamente para a retirada do botijão em estabelecimentos credenciados.
Com isso, o governo pretende dar mais segurança, praticidade e controle sobre o benefício, além de evitar o desvio de finalidade no uso do recurso.
Quem terá direito ao Gás do Povo
O programa será voltado a famílias de baixa renda já inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa (R$ 759 em 2025).
A quantidade de botijões disponibilizados ao longo do ano vai variar conforme o tamanho da família:
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Famílias de dois integrantes: até 3 botijões por ano;
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Famílias de três integrantes: até 4 botijões por ano;
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Famílias com quatro integrantes ou mais: até 6 botijões por ano.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, essa divisão foi feita com base no consumo médio nacional de gás por domicílio, garantindo que o benefício seja distribuído de forma equilibrada.
Como retirar o botijão pelo Gás do Povo
Para ter acesso ao benefício, o governo oferecerá diferentes canais de retirada, buscando atender desde famílias conectadas digitalmente até aquelas em áreas com menor acesso à internet. Entre as opções estão:
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Vale eletrônico pelo aplicativo oficial do MDS;
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Cartão Gás do Povo, que será distribuído futuramente;
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Vale impresso, retirado em agências da Caixa Econômica Federal ou em casas lotéricas;
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Cartão do Bolsa Família, que também poderá ser usado como meio de acesso.
Os botijões estarão disponíveis em mais de 58 mil postos de revenda credenciados em todo o Brasil. Esses locais terão identificação com a placa “Aqui tem Gás do Povo”, facilitando a localização para os beneficiários.
Além disso, o governo estuda retomar a distribuição de gás em “gaiolas” instaladas em postos de combustível, como forma de ampliar a capilaridade do programa em áreas mais afastadas.
Onde estão os beneficiários do Gás do Povo
O Nordeste concentra a maior parte dos beneficiários, com 7,1 milhões de famílias cadastradas. Em seguida, aparecem:
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Sudeste: 4,4 milhões;
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Norte: 2,1 milhões;
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Sul: 1,1 milhão;
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Centro-Oeste: 889 mil.
Esse recorte mostra como o programa é essencial para garantir segurança alimentar em regiões que historicamente enfrentam maior vulnerabilidade social.
Diferença entre Auxílio Gás e Gás do Povo
O Auxílio Gás, em vigor até 2025, funcionava por meio de repasse de valores em dinheiro, geralmente equivalentes a 50% do preço médio do botijão de 13 kg.
Já o Gás do Povo traz uma mudança significativa:
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Em vez de dinheiro em conta, os beneficiários receberão vouchers ou créditos exclusivos para a retirada do botijão;
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O benefício passa a ser direto em produtos, evitando o uso indevido do recurso;
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O controle será feito via aplicativo, cartão social ou vale impresso, tornando o sistema mais transparente.
Para o governo, o novo modelo representa mais eficiência e segurança alimentar, já que o gás de cozinha é um insumo básico para a preparação de alimentos.
Quanto o governo vai gastar com o Gás do Povo
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 já reservou R$ 5,1 bilhões para custear o programa.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), esse montante será suficiente para garantir a regularidade do benefício durante todo o ano, sem risco de atrasos ou cortes.
O programa foi desenhado em parceria com a Casa Civil, chefiada por Rui Costa, e deverá ser enviado ao Congresso Nacional por meio de Medida Provisória (MP).
Lançamento em Belo Horizonte
O lançamento oficial aconteceu em Belo Horizonte, no Aglomerado da Serra, considerada a maior favela da capital mineira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente, acompanhado de ministros e lideranças locais. Para o governo, escolher esse cenário teve um significado simbólico: mostrar que o programa nasce para atender justamente as comunidades onde o custo do gás tem maior impacto no orçamento familiar.
Como será a logística de distribuição
De acordo com informações do Ministério de Minas e Energia, os 58 mil pontos credenciados espalhados pelo Brasil terão sistema integrado ao cadastro do programa.
Na prática, ao apresentar um dos documentos de acesso (aplicativo, cartão, vale impresso ou cartão do Bolsa Família), o beneficiário terá o direito liberado e o registro será feito imediatamente no sistema.
Essa tecnologia permitirá ao governo monitorar quantos botijões foram retirados, onde e por qual família, evitando fraudes e garantindo o uso correto do benefício.
Impacto social do Gás do Povo
O preço médio do botijão de gás de 13 kg, em 2025, varia entre R$ 100 e R$ 120, dependendo da região do país. Para famílias que vivem com renda per capita inferior a meio salário mínimo, esse valor pode comprometer significativamente o orçamento mensal.
Por isso, o programa é visto como um instrumento de combate à pobreza energética, garantindo que a população de baixa renda não precise recorrer a alternativas perigosas, como o uso de lenha, carvão ou álcool na hora de cozinhar.
Além disso, o Gás do Povo tem impacto direto na:
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Segurança alimentar, ao assegurar que famílias tenham meios adequados para preparar refeições;
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Economia doméstica, liberando parte do orçamento para outras necessidades;
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Inclusão social, ao fortalecer a rede de proteção às famílias mais vulneráveis.
Desafios do programa
Embora elogiado por especialistas em políticas sociais, o Gás do Povo também levanta debates sobre logística, fiscalização e sustentabilidade fiscal.
Entre os principais desafios estão:
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Garantir cobertura em áreas rurais e distantes dos grandes centros urbanos;
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Manter os recursos orçamentários estáveis diante de crises fiscais;
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Fiscalizar fraudes em revendas credenciadas e possíveis tentativas de comercialização ilegal dos vales;
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Modernizar a distribuição, especialmente com o uso do aplicativo, em regiões onde a conectividade é limitada.
O futuro do Gás do Povo
O governo aposta no Gás do Povo como uma política pública de longo prazo, integrando-o ao CadÚnico e ao Bolsa Família. A expectativa é de que, nos próximos anos, a tecnologia de cartões sociais e o uso de aplicativos simplifiquem ainda mais a gestão do benefício.
Se bem implementado, o programa tem potencial para se tornar um marco na política de combate à fome e à pobreza energética no Brasil, assegurando que cozinhar em casa não seja um privilégio, mas um direito básico para todos.