O transporte por aplicativos, especialmente a Uber, deixou de ser apenas uma fonte complementar de renda e passou a ser a atividade principal de milhares de brasileiros. Em meio à alta do combustível, manutenção de veículos e desafios do dia a dia, motoristas vêm buscando estratégias para ampliar seus lucros.
Nos últimos meses, uma prática inovadora começou a ganhar força: motoristas estão aproveitando as viagens não apenas para transportar passageiros, mas também para comercializar produtos dentro do carro. A ideia é simples, mas vem mostrando resultados surpreendentes.
De acordo com relatos de condutores em grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, a estratégia tem permitido ganhos que chegam a R$ 2 mil por semana apenas com a venda de itens aos passageiros.
O truque que vem gerando renda extra
O truque consiste em transformar o carro em um pequeno ponto de venda ambulante. Durante as corridas, motoristas oferecem produtos variados, como:
Alimentos práticos: balas, chocolates, chicletes e snacks;
Bebidas: água gelada e refrigerantes em embalagens pequenas;
Artigos de higiene: álcool em gel, lenços umedecidos, máscaras descartáveis;
Produtos diversos: chaveiros, acessórios de celular e até itens de decoração artesanal.
A prática não é obrigatória e depende do perfil do motorista. Muitos afirmam que, além do lucro direto, os passageiros veem a iniciativa de forma positiva, já que podem resolver pequenas necessidades durante o trajeto.
Relatos de sucesso
Um motorista de São Paulo contou que, em um único fim de semana de shows e eventos, conseguiu vender mais de R$ 700 em produtos, além do valor das corridas. Outro, no Rio de Janeiro, disse que chega a dobrar o faturamento diário nos dias em que trabalha próximo a estádios ou casas de show.
“O segredo está em conhecer o público e oferecer aquilo que ele pode querer no momento”, revelou um motorista que atua na capital paulista.
Como motoristas da Uber podem ganhar mais dinheiro
Apesar de parecer simples, a prática exige planejamento. Quem deseja implementar esse modelo precisa pensar em logística, investimento inicial e formas de abordagem para não incomodar o passageiro.
Especialistas em mobilidade urbana apontam alguns caminhos para maximizar os lucros:
Valorizar corridas curtas e frequentes
Viagens rápidas em áreas movimentadas podem ser mais rentáveis quando somadas às vendas de produtos, já que o motorista tem contato com mais passageiros ao longo do dia.Manter boa avaliação
O atendimento cordial e a direção cuidadosa continuam sendo fundamentais. Quanto melhor a nota, mais corridas o motorista recebe — e mais oportunidades tem para vender seus produtos.Aproveitar horários de pico
Posicionar-se próximo a estações de metrô, terminais de ônibus e centros empresariais nos horários de entrada e saída do trabalho pode multiplicar a demanda.Trabalhar em locais de eventos
Shows, feiras, festivais e estádios são ambientes onde os passageiros costumam comprar água, snacks ou itens de conveniência.Oferecer opções variadas e acessíveis
Produtos de baixo custo e de utilidade imediata têm maior saída. A chave é equilibrar o preço com a praticidade para o passageiro.
Uber e a visão sobre a prática
A Uber não incentiva oficialmente a comercialização de produtos dentro dos veículos, mas também não proíbe, desde que a venda não atrapalhe a experiência do usuário. A empresa ressalta que o principal foco deve ser a qualidade do transporte e a segurança do passageiro.
Em grupos de motoristas nas redes sociais, o tema é bastante discutido. Alguns defendem que a prática pode incomodar passageiros que não querem ser abordados. Outros acreditam que, feita de maneira discreta e opcional, representa uma oportunidade legítima de aumentar a renda.
Desafios e cuidados
Apesar do potencial de ganhos, existem desafios. O motorista precisa:
Planejar o estoque: carregar produtos demais pode comprometer o espaço do carro.
Controlar os custos: nem sempre as vendas são garantidas, por isso é essencial calcular margens de lucro.
Manter higiene e apresentação: produtos devem estar bem embalados e armazenados para não passar má impressão.
Respeitar o passageiro: a venda deve ser opcional, sem pressão.
Renda extra que pode virar renda principal
O transporte por aplicativos já se consolidou como uma das principais fontes de renda no Brasil. Com a venda de produtos, motoristas têm conseguido criar um diferencial competitivo e alcançar ganhos mais altos.
Para muitos, essa prática representa não apenas um “extra”, mas uma verdadeira estratégia de empreendedorismo sobre rodas. Motoristas que antes enfrentavam dificuldades para equilibrar contas estão encontrando no modelo uma nova forma de prosperar.
O impacto no bolso
Com a alta dos custos de manutenção, combustível e impostos, apenas as corridas nem sempre são suficientes para garantir estabilidade financeira. A venda de produtos aparece como uma alternativa que equilibra a equação: cada passageiro pode se transformar em cliente em potencial.
Estudos recentes sobre economia compartilhada mostram que estratégias de diversificação de renda são fundamentais para trabalhadores autônomos. Quanto mais fontes de receita, maior a segurança financeira diante das oscilações de demanda.
O futuro da prática
Ainda é cedo para dizer se a prática se tornará comum entre todos os motoristas da Uber. No entanto, os resultados iniciais apontam para um crescimento dessa tendência, especialmente em grandes cidades e regiões de eventos frequentes.
Caso ganhe força, não seria surpresa ver empresas parceiras oferecendo produtos diretamente aos motoristas para venda em corridas, transformando os carros de aplicativo em um novo canal de distribuição.