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Orçamento 2026: governo prevê Bolsa Família sem reajuste, valor de R$ 600 segue congelado desde 2023 e programa terá corte de R$ 8,6 bilhões mesmo com eleições presidenciais no próximo ano

O governo federal apresentou nesta sexta-feira (29) a proposta de Orçamento da União para 2026 e confirmou que o Bolsa Família não terá reajuste no valor dos benefícios no próximo ano. O texto encaminhado ao Congresso Nacional prevê R$ 158,6 bilhões para o programa social, cifra que representa um corte de R$ 8,6 bilhões em relação à previsão feita para 2025, que foi de R$ 167,2 bilhões.

A decisão chama atenção por ocorrer em um ano eleitoral para a Presidência da República, quando tradicionalmente o governo busca reforçar políticas sociais de grande impacto junto à população mais vulnerável.

Desde que foi relançado em março de 2023, o Bolsa Família mantém o valor mínimo de R$ 600 por família, sem qualquer reajuste. Embora a lei que recriou o programa preveja a possibilidade de atualização em até dois anos, a equipe econômica do governo destaca que a norma autoriza, mas não obriga a correção do benefício.

Corte no orçamento e ausência de reajuste do Bolsa Família

A previsão orçamentária de R$ 158,6 bilhões para 2026 preocupa especialistas em políticas sociais porque sinaliza não apenas a manutenção do valor congelado, mas também uma redução de recursos em relação ao ano anterior.

Em 2025, a previsão foi de R$ 167,2 bilhões, enquanto em 2024 o montante executado ficou próximo a esse patamar. Agora, com menos verba, o programa precisará administrar tanto o pagamento dos benefícios mínimos quanto os adicionais para crianças, gestantes e adolescentes.

Essa redução de R$ 8,6 bilhões pode significar dificuldades na expansão da cobertura, especialmente se a quantidade de famílias em situação de vulnerabilidade aumentar, como indicam os dados do Cadastro Único (CadÚnico).

👨‍👩‍👧 Benefícios garantidos, mas sem aumento

Atualmente, o valor mínimo pago pelo Bolsa Família é de R$ 600 por família. Além disso, o governo oferece benefícios adicionais que são cumulativos, de acordo com a composição familiar:

  • R$ 150,00 por criança de até 6 anos;

  • R$ 50,00 por gestante;

  • R$ 50,00 por jovem de 7 a 18 anos incompletos;

  • R$ 50,00 por bebê de até 6 meses.

Esses valores foram estabelecidos em março de 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relançou o programa, e não passaram por atualização desde então.

📊 Número de famílias atendidas

Em agosto deste ano, o Bolsa Família alcançou cerca de 19,2 milhões de famílias em todo o Brasil. O número representa uma redução em relação ao início de 2024, quando o programa atendia 20,9 milhões de famílias em situação de pobreza.

A diminuição ocorreu em parte devido ao pente-fino realizado pelo governo, que identificou irregularidades no cadastro de beneficiários. A medida visou combater fraudes e direcionar os recursos apenas para quem realmente se enquadra nos critérios do programa.

🛡️ Regras mais rígidas para evitar fraudes

Um decreto assinado em março pelo presidente Lula trouxe mudanças importantes nas regras de acesso ao Bolsa Família. Entre os principais pontos estão:

  • Renda mensal per capita de até R$ 218 para ter direito ao benefício;

  • Obrigatoriedade do Cadastro Único atualizado para todos os membros da família;

  • Maior rigor na análise de famílias compostas por apenas uma pessoa, a fim de evitar cadastros falsos.

Essas medidas foram implementadas após a constatação de que milhares de famílias unipessoais recebiam o benefício de forma irregular, comprometendo o orçamento do programa.

🎯 Marca social de Lula em debate

O Bolsa Família é considerado a principal vitrine social do governo Lula. O programa foi relançado em março de 2023, em substituição ao Auxílio Brasil, criado durante o governo anterior.

Na época, o governo estabeleceu uma nova fórmula de cálculo, levando em conta o tamanho da família como fator determinante para o valor recebido. Especialistas apontam que o modelo é mais justo, pois distribui os recursos de forma proporcional às necessidades.

Além disso, Lula cumpriu a promessa de manter o valor mínimo de R$ 600 por família, o que garantiu estabilidade para milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade.

No entanto, a ausência de reajuste desde 2023 levanta críticas, especialmente diante da inflação acumulada nos últimos anos, que reduz o poder de compra das famílias beneficiárias.

⚖️ Inflação x poder de compra

Embora o valor de R$ 600 tenha representado um alívio imediato no momento de sua implementação, especialistas alertam que a inflação já corroeu parte significativa do poder de compra das famílias.

Segundo cálculos de consultorias econômicas, se o benefício tivesse sido corrigido pela inflação acumulada entre março de 2023 e agosto de 2025, o valor mínimo deveria estar em torno de R$ 670 a R$ 680.

Sem a correção, as famílias atendidas precisam administrar o mesmo valor para enfrentar custos maiores de alimentação, transporte e energia elétrica.

🗳️ Impacto em ano eleitoral

O congelamento do Bolsa Família em 2026 ganha ainda mais relevância porque o ano marcará as eleições presidenciais. O programa é historicamente um dos principais instrumentos de política social utilizados em campanhas eleitorais.

Para o governo, manter o valor congelado pode ser interpretado como uma forma de preservar o equilíbrio fiscal e evitar pressões adicionais sobre as contas públicas. Por outro lado, críticos avaliam que a medida pode gerar desgaste político, já que o benefício é fundamental para grande parte da população mais pobre.

📉 Menos recursos, mais desafios

Com o corte de R$ 8,6 bilhões no orçamento, o governo terá de administrar o programa com menos margem para expansão e com a necessidade de manter o pagamento de benefícios adicionais.

Além disso, o cenário econômico ainda apresenta incertezas, especialmente em relação ao crescimento do PIB e à geração de empregos formais, fatores que influenciam diretamente a demanda pelo Bolsa Família.

📌 O que esperar para 2026?

Diante do cenário atual, especialistas apontam três possíveis desafios para o Bolsa Família em 2026:

  1. Congelamento do valor mínimo – as famílias continuarão recebendo R$ 600, sem atualização pela inflação.

  2. Pressão por reajuste – movimentos sociais e parlamentares podem pressionar o governo por correção, especialmente em ano eleitoral.

  3. Gestão de fraudes e cadastros – a manutenção do pente-fino será fundamental para que o programa não sofra ainda mais restrições orçamentárias.

🔎 Considerações finais

O Orçamento de 2026 confirma que o Bolsa Família seguirá sem reajuste, mantendo congelado o valor mínimo de R$ 600 desde março de 2023. Apesar da previsão de R$ 158,6 bilhões para o programa, o montante representa um corte de R$ 8,6 bilhões em relação ao ano anterior, o que aumenta a pressão sobre a capacidade de atendimento do governo.

Enquanto isso, milhões de famílias continuarão dependendo do benefício para garantir alimentação, moradia e despesas básicas. A ausência de correção monetária, somada ao cenário de inflação e alta no custo de vida, deve manter o tema no centro do debate político em um ano de eleições presidenciais.

O Bolsa Família segue como marca social mais importante do governo Lula, mas a decisão de congelar valores em 2026 pode ter reflexos tanto no orçamento das famílias quanto no resultado das urnas.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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