A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou a endurecer sua fiscalização sobre o mercado de suplementos alimentares no Brasil. Na última sexta-feira (22), a instituição publicou no Diário Oficial da União uma série de medidas que proíbem a fabricação, a venda e a propaganda de produtos de quatro empresas diferentes, todas acusadas de irregularidades graves.
A decisão reforça a postura da agência em relação ao setor, que nos últimos meses tem passado por um aperto regulatório crescente. O objetivo é proteger o consumidor de riscos à saúde, já que muitos desses produtos vinham sendo comercializados sem estudos de segurança, sem registro ou até mesmo com substâncias proibidas no país.
Por que a Anvisa proibiu os suplementos?
Segundo a Anvisa, os motivos que levaram à proibição vão desde ausência de registro sanitário, uso de ingredientes não permitidos e produção em locais não autorizados, até propaganda enganosa com alegações de efeito “medicamentoso”.
Em pelo menos um dos casos, a agência relatou efeitos adversos graves em consumidores, o que acendeu ainda mais o alerta para o risco associado ao consumo.
A Anvisa destacou que suplementos alimentares não podem ser anunciados como medicamentos. Isso significa que promessas de emagrecimento rápido, aumento de massa muscular em poucos dias ou cura de doenças configuram propaganda enganosa e podem colocar em risco a saúde pública.
Empresas e produtos proibidos pela Anvisa
1. Floral Ervas do Brasil LTDA
Produtos atingidos: todos os lotes de Magnésio Dimalato, Magnésio Quelato, Expectos Mel, Lipo Magre, Max Beauty, Gestlac, Max Neural e Digestvit.
Problema identificado: ausência de estudos de estabilidade que comprovem a validade dos produtos e propaganda enganosa com alegações terapêuticas.
Medida da Anvisa: suspensão imediata da fabricação, comercialização, distribuição, propaganda e uso em todo o território nacional.
2. Gold Suplementos LTDA (marca Gold Labs/Bariatric)
Produtos atingidos: todos os suplementos da marca Gold Labs, incluindo linhas populares como “Bariatric Black”.
Problema identificado: fabricação e importação de suplementos sem registro, uso de substâncias proibidas e propaganda enganosa com promessas de efeito terapêutico. Houve ainda relatos de efeitos adversos graves em consumidores.
Medida da Anvisa: os produtos não podem mais ser fabricados, importados, distribuídos, comercializados, divulgados em propagandas nem utilizados.
3. Cooperativa de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan)
Produto atingido: Goma Hidratada Ekobom, lote 16125 (fabricação em 18/06/2025 e validade até 18/12/2025).
Problema identificado: embalagens estufadas, o que pode indicar risco de contaminação microbiológica.
Medida da Anvisa: recolhimento voluntário do lote e suspensão da comercialização, distribuição, propaganda e uso do produto.
4. Sunfood Clinical Brasil Indústria e Comércio (marca Nutrivitalle)
Produtos atingidos: todos os suplementos da marca Nutrivitalle.
Problema identificado: ausência de registro sanitário, uso de ingredientes não permitidos e fabricação em local não autorizado. A empresa sequer possuía licença para produzir suplementos.
Medida da Anvisa: proibição de fabricação, importação, distribuição, comercialização, propaganda e uso em todo o país.
O que isso significa para os consumidores?
Com a determinação da Anvisa, nenhum dos produtos citados pode ser comercializado ou divulgado em propagandas em todo o território nacional.
A agência orienta que quem já adquiriu suplementos dessas empresas suspenda imediatamente o consumo. Caso apresente qualquer sintoma adverso — como mal-estar, reações alérgicas, dores abdominais ou alterações metabólicas —, é fundamental procurar atendimento médico o quanto antes.
A decisão também alerta para a importância de sempre verificar se o suplemento adquirido possui registro sanitário válido e se foi comercializado por canais autorizados.
Riscos do consumo de suplementos irregulares
Embora muitas pessoas associem suplementos alimentares à ideia de saúde e bem-estar, o consumo de produtos irregulares pode trazer sérios riscos, entre eles:
Intoxicação por substâncias não autorizadas;
Reações adversas graves, como problemas cardíacos, renais e hepáticos;
Contaminação microbiológica, em casos de embalagens estufadas ou más condições de fabricação;
Falsas promessas, que podem levar o consumidor a adiar tratamentos médicos adequados.
Especialistas reforçam que suplementos devem complementar a alimentação e não substituir uma dieta equilibrada. Além disso, seu uso deve ser sempre acompanhado por profissionais de saúde, como médicos ou nutricionistas.
Aumento da fiscalização sobre suplementos no Brasil
Nos últimos anos, a Anvisa tem intensificado a fiscalização sobre o setor de suplementos alimentares. A popularização do consumo desses produtos, impulsionada pelo marketing digital e pelas redes sociais, aumentou também os riscos de práticas irregulares.
Muitas empresas, especialmente marcas menores ou emergentes, lançam produtos sem os devidos testes de segurança. Isso leva a apreensões, suspensões e até proibições definitivas, como as ocorridas nesta última decisão.
Segundo especialistas em regulação sanitária, a tendência é que a Anvisa continue apertando o cerco contra empresas que desrespeitam as normas, principalmente diante do crescimento do comércio eletrônico de suplementos.
Como identificar suplementos seguros?
Para o consumidor, é importante adotar alguns cuidados básicos antes de comprar um suplemento:
Verifique o registro na Anvisa: o número de registro deve estar visível na embalagem.
Desconfie de promessas milagrosas: nenhum suplemento tem efeito de medicamento.
Compre de lojas confiáveis: evite adquirir produtos de vendedores informais ou sites sem procedência.
Observe a embalagem: não compre produtos com embalagens estufadas, rasgadas ou sem informações claras.
Consulte um profissional de saúde: nunca inicie o consumo sem orientação médica ou nutricional.
Esses cuidados podem evitar riscos sérios à saúde e proteger o consumidor contra propaganda enganosa.
Considerações finais
A decisão da Anvisa de proibir suplementos de quatro novas empresas — Floral Ervas do Brasil, Gold Suplementos (Gold Labs/Bariatric), Coopatan e Sunfood Clinical Brasil (Nutrivitalle) — reforça a necessidade de cautela no consumo desses produtos.
A medida foi tomada após a identificação de irregularidades graves, como substâncias não permitidas, falta de registro, propaganda enganosa e até relatos de efeitos adversos sérios.
Para os consumidores, o recado é claro: saúde não combina com risco. É fundamental checar a procedência dos suplementos, evitar promessas milagrosas e buscar sempre orientação profissional.
A Anvisa promete continuar de olho no setor — e, ao que tudo indica, novas suspensões e proibições podem acontecer em breve.
*Com informações da Revista Veja
