Auxílio Gás muda em 2025: valor do benefício será diferente em cada estado e pago via voucher

O governo federal prepara uma mudança significativa no Auxílio Gás, programa social que subsidia a compra de botijões de gás de cozinha (GLP) para famílias de baixa renda. A novidade é que, a partir de setembro de 2025, o valor do benefício não será mais fixo e igual em todo o país, mas sim definido conforme o preço médio do botijão em cada estado. Além disso, o pagamento deixará de ser em dinheiro e passará a ser feito por meio de voucher eletrônico exclusivo para a compra do gás.

A decisão foi discutida nesta quarta-feira (21) em uma reunião no Palácio da Alvorada, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e da presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

Como será calculado o valor do novo Auxílio Gás

Atualmente, o programa paga bimestralmente um valor fixo às famílias cadastradas, que equivale a cerca de 100% do preço médio nacional do botijão de 13 kg. Com a reformulação, o benefício terá um valor variável, definido conforme o preço de referência em cada unidade da federação.

De acordo com informações do Ministério de Minas e Energia (MME), o cálculo será feito com base na média e na mediana do custo do botijão em cada estado. Uma portaria conjunta entre o MME e o Ministério da Fazenda vai estabelecer as diretrizes do cálculo, definindo como os valores de referência serão atualizados e aplicados.

Na prática, isso significa que uma família em São Paulo, onde o preço do botijão costuma ser menor, poderá receber um valor diferente de outra família no Acre ou no Amazonas, onde o custo logístico e de distribuição é mais elevado.

Forma de pagamento: do dinheiro ao voucher

Outra grande mudança é a forma de recebimento. O modelo atual, que deposita o benefício em dinheiro na conta do beneficiário, será substituído por um voucher digital. Esse voucher só poderá ser utilizado para a retirada gratuita de um botijão de gás diretamente nas revendas autorizadas.

Segundo o governo, essa medida busca garantir que o recurso seja usado exclusivamente para o objetivo do programa — a compra do gás de cozinha —, evitando desvios do valor para outros gastos. Os pontos de revenda credenciados deverão seguir o preço de referência definido pelo governo, sem possibilidade de cobrança adicional do beneficiário.

Quem terá direito ao novo benefício

O público-alvo do Auxílio Gás não muda. O programa seguirá beneficiando famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda per capita mensal menor ou igual a meio salário mínimo (R$ 759, em valores de 2025).

A prioridade continuará sendo para aquelas famílias cuja renda mensal por pessoa esteja dentro do limite de participação do Bolsa Família. Além disso, o benefício será limitado a apenas um voucher por família, não importando quantos membros residam no mesmo domicílio.

Com essas regras, o governo estima que cerca de 17 milhões de famílias sejam contempladas, o que representa aproximadamente 50 milhões de brasileiros.

Expectativa de impacto social

O botijão de gás de 13 kg é um dos itens mais presentes no orçamento doméstico das famílias de baixa renda. Nos últimos anos, oscilações no preço do GLP causaram forte impacto no bolso dos consumidores, especialmente entre os mais pobres.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em alguns estados o preço do botijão já ultrapassa R$ 140, enquanto em outros gira em torno de R$ 95. Essa disparidade regional foi um dos principais motivos para a mudança no formato do auxílio.

O ministro Alexandre Silveira, responsável pela articulação da medida, afirmou que o objetivo é tornar o programa mais justo e eficiente:

“Não faz sentido um cidadão do Norte ou do Nordeste receber o mesmo valor de quem vive em estados onde o preço do gás é bem mais baixo. A nova metodologia garante que cada família receba um benefício equivalente ao custo real do botijão na sua região”, disse.

Desafios e próximos passos

Apesar do avanço, a implementação do novo Auxílio Gás enfrenta desafios logísticos e tecnológicos. Será necessário estruturar o sistema de vouchers, credenciar revendas em todo o país e garantir que as famílias tenham acesso ao benefício sem dificuldades.

O Ministério da Fazenda e o MME devem publicar até agosto a portaria conjunta que vai detalhar as regras do cálculo, além de firmar acordos com a Petrobras e as distribuidoras de gás para padronizar o valor de referência e os mecanismos de repasse.

O governo também avalia realizar uma campanha de orientação junto às famílias beneficiárias para explicar como funcionará o voucher, como consultar a rede credenciada e quais são os prazos para utilização.

O que muda para os beneficiários

Para as famílias que já recebem o Auxílio Gás, a principal mudança será:

• Fim do pagamento em dinheiro: o benefício não cairá mais na conta junto com o Bolsa Família.

• Uso exclusivo para gás: o voucher só poderá ser usado para a retirada do botijão.

• Valor diferente por estado: cada família receberá um voucher equivalente ao preço médio regional.

Com essas alterações, o governo espera reduzir fraudes, garantir que o auxílio cumpra sua função social e, ao mesmo tempo, aliviar o peso do gás de cozinha no orçamento de milhões de brasileiros.