Em uma iniciativa inédita que une inclusão produtiva, responsabilidade social e geração de renda, a JBS firmou nesta quinta-feira (31) um acordo com o governo federal para contratar beneficiários do Bolsa Família inscritos no Cadastro Único (CadÚnico). A parceria tem validade inicial de dois anos e poderá impactar diretamente milhares de famílias em situação de vulnerabilidade social no Brasil.
A ação foi oficializada em São Paulo, com a presença do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, do CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, e do conselheiro Wesley Batista. A proposta é transformar políticas públicas de assistência em oportunidades reais de trabalho, ampliando o acesso ao emprego formal para milhões de brasileiros.
Uma ponte entre o Bolsa Família e o mercado de trabalho
O acordo de cooperação técnica prevê que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) articule a rede de assistência social nos municípios e compartilhe, com o consentimento dos beneficiários, os dados do CadÚnico com a JBS. A empresa, por sua vez, será responsável por conduzir os processos seletivos e integrar os aprovados ao seu quadro de funcionários.
Com mais de 158 mil colaboradores e 100 unidades espalhadas pelo Brasil, a JBS enxerga na parceria uma forma de impulsionar o desenvolvimento de comunidades vulneráveis e fortalecer a economia local em cidades de médio e pequeno porte, especialmente no interior de estados como Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.
Como funcionará a contratação dos beneficiários
Segundo o acordo, os dados do CadÚnico — base que reúne informações de mais de 90 milhões de brasileiros — serão cruzados com as necessidades de mão de obra da JBS em cada localidade. A seleção será feita com base no perfil do candidato, disponibilidade de vagas e qualificação mínima exigida. A empresa poderá ofertar vagas em diferentes áreas, como produção, logística, frigoríficos, administração e manutenção.
Todo o processo respeitará as normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sendo exigido o consentimento expresso dos candidatos para que suas informações sejam utilizadas.
Para o ministro Wellington Dias, a iniciativa representa uma virada de chave na integração entre assistência social e políticas de empregabilidade:
“Não dá para tratar a fome separadamente da pobreza e nem os dois separados da economia. A inclusão produtiva é a chave para a autonomia dessas famílias”, afirmou o ministro.
Oportunidade para quem mais precisa
Atualmente, mais de 21 milhões de famílias recebem o Bolsa Família, com valor médio de R$ 683 em 2025, e muitas vivem em áreas onde a JBS já possui operações. A contratação formal de beneficiários poderá, além de melhorar a renda dessas famílias, também reduzir a dependência de programas de transferência de renda a longo prazo.
Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, ressaltou que o investimento em pessoas é um pilar estratégico da empresa:
“Queremos ser agentes de transformação social. A geração de emprego é uma das formas mais efetivas de melhorar a vida das pessoas e fortalecer comunidades.”
A JBS destaca ainda que oferecerá treinamentos e capacitação aos novos colaboradores, criando trilhas de desenvolvimento interno para quem desejar crescer dentro da organização.
Impacto direto nas economias locais
O programa poderá representar um novo fôlego para diversas cidades do interior que, muitas vezes, convivem com altas taxas de informalidade e desemprego. Ao contratar pessoas da própria comunidade, a JBS contribui não apenas para a renda individual das famílias, mas também para o aquecimento do comércio local, aumento da arrecadação municipal e redução das desigualdades.
O governo acredita que o sucesso do modelo poderá inspirar outras grandes empresas a adotarem iniciativas semelhantes. “Essa ação com a JBS pode ser o começo de um movimento maior de inclusão produtiva no Brasil. Outras companhias estão interessadas e poderão firmar convênios nos próximos meses”, afirmou Wellington Dias.
CadÚnico: ferramenta essencial de políticas públicas
Criado em 2001, o Cadastro Único para Programas Sociais é hoje a maior base de dados socioeconômicos do país, fundamental para a gestão de políticas como o Bolsa Família, Tarifa Social de Energia Elétrica, Auxílio Gás e Pé-de-Meia.
Para estar no CadÚnico, a família deve ter renda mensal por pessoa de até meio salário mínimo (R$ 706 em 2025), ou renda total de até três salários mínimos (R$ 4.236). A inscrição é feita nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) de cada município.
No contexto da parceria com a JBS, o CadÚnico passa a ser também uma ferramenta de acesso ao mercado formal, potencializando o impacto de sua existência.
Benefícios da formalização para o trabalhador
Ao ingressar no mercado de trabalho com carteira assinada, o beneficiário do Bolsa Família passa a ter acesso a uma série de direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como:
Salário fixo mensal;
13º salário;
Férias remuneradas;
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço);
Vale-transporte e alimentação, dependendo da empresa;
Aposentadoria futura com contribuição ao INSS.
Além disso, o governo garante que o cidadão que conseguir um emprego não perderá imediatamente o Bolsa Família. Pela regra de proteção, o benefício pode continuar sendo pago por até 24 meses, mesmo com aumento da renda, desde que não ultrapasse o limite estipulado por lei.
Expectativas e próximos passos
Nos próximos meses, a JBS deve iniciar os primeiros ciclos de seleção, priorizando unidades com maior proximidade de áreas vulneráveis e de alta demanda por emprego. O governo deverá, por sua vez, mobilizar secretarias municipais e estaduais de assistência social para organizar a identificação dos candidatos elegíveis.
O projeto é monitorado por um comitê interinstitucional que acompanhará os resultados, gargalos e boas práticas, para que o modelo possa ser expandido de forma eficiente.
A expectativa é que milhares de brasileiros deixem de depender exclusivamente de auxílios e consigam alcançar maior autonomia financeira por meio do emprego formal — um passo importante na superação da pobreza.
Considerações finais
A parceria entre a JBS e o governo federal inaugura um novo capítulo nas políticas públicas brasileiras: a articulação direta entre empresas e programas sociais para promover inclusão produtiva. Com base no CadÚnico e focada na população mais vulnerável, a iniciativa poderá não apenas transformar vidas, mas também estabelecer um modelo replicável para todo o país.
Em um cenário de desigualdades históricas, ações como essa apontam caminhos reais para que o Brasil avance na construção de uma sociedade mais justa, com trabalho digno, renda e esperança no futuro.