Uma poderosa erupção solar registrada recentemente chamou a atenção de cientistas e operadores de sistemas de comunicação em todo o mundo.
O fenômeno, originado da região ativa AR4087 do Sol, teve seu pico por volta das 5h25 (horário de Brasília) e provocou falhas em transmissões de rádio em diversas partes do planeta. O episódio reacendeu o debate sobre os impactos das tempestades solares na infraestrutura tecnológica da Terra.
As regiões que estavam sob luz solar direta no momento da erupção, como partes da Europa, da Ásia e do Oriente Médio, foram as mais afetadas pelos distúrbios na propagação de ondas de rádio.
Embora os efeitos tenham sido temporários, eles ilustram a vulnerabilidade de sistemas modernos a fenômenos naturais que se originam a milhões de quilômetros de distância.
Erupções solares: o que são e como são classificadas
As erupções solares ocorrem quando há uma liberação súbita e intensa de energia acumulada no campo magnético da atmosfera solar.
Elas geralmente têm origem em áreas com manchas solares — regiões mais frias da superfície do Sol — onde os campos magnéticos são instáveis e fortemente concentrados.
Quando essas estruturas magnéticas se reorganizam, a energia é liberada em forma de radiação eletromagnética e partículas altamente energéticas.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), responsável pelo monitoramento do clima espacial, classifica essas erupções com base em sua intensidade.
A escala vai das classes A, B, C e M, até a mais intensa: a classe X. Dentro dessa categoria, os números que acompanham a letra indicam a potência do evento. No caso recente, a erupção foi registrada como X2,7 — um evento forte, embora não extremo dentro da escala X.
Como esses eventos afetam a Terra
Quando a radiação liberada por uma erupção solar alcança a Terra, o impacto é sentido principalmente na ionosfera — a camada superior da atmosfera que reflete as ondas de rádio de alta frequência (HF), amplamente usadas na aviação, no transporte marítimo e em operações militares.
Alterações nessa camada atmosférica podem interferir diretamente na transmissão e recepção dessas ondas, resultando em apagões temporários de comunicação.
A erupção recente provocou um blecaute de rádio classificado como nível R3, numa escala que vai de R1 (menor impacto) a R5 (impacto extremo).
Interrupções de nível R3 indicam perturbações moderadas a severas nas comunicações de HF, especialmente em regiões iluminadas pelo Sol no momento do evento.
Além dos apagões de rádio, outro risco associado a esses fenômenos é a possibilidade de ejeções de massa coronal (EMC).
Essas são nuvens gigantescas de plasma solar, acompanhadas por intensos campos magnéticos, que podem atingir a magnetosfera terrestre.
Quando isso ocorre, há risco de tempestades geomagnéticas, que podem danificar satélites, afetar redes elétricas e interferir em sistemas de posicionamento global (GPS).
Regiões impactadas pela recente erupção
As áreas do planeta mais afetadas pela atividade solar recente foram aquelas posicionadas no lado diurno da Terra no momento da explosão solar.
Europa, Oriente Médio e parte da Ásia relataram falhas na comunicação por rádio, principalmente em sistemas que dependem da faixa de alta frequência.
A aviação comercial, que utiliza rádio HF em rotas transoceânicas, também pode ser impactada por essas perturbações, forçando operadores a buscar rotas alternativas ou atrasar voos para evitar problemas de comunicação.
Em operações militares e atividades marítimas, a interrupção de comunicações pode representar risco adicional à segurança, reforçando a importância do monitoramento contínuo da atividade solar.
A ciência por trás da erupção
Para entender melhor por que essas erupções causam tanto impacto, é necessário observar a natureza do Sol. A estrela que nos fornece luz e calor passa por ciclos de atividade a cada 11 anos.
Durante os períodos de pico, conhecidos como máximo solar, o número de manchas solares e a frequência de erupções aumentam significativamente.
A região AR4087, de onde partiu a erupção mais recente, é uma área de grande complexidade magnética. Cientistas observam constantemente essas áreas para prever possíveis explosões.
Com o ciclo solar atual se aproximando de seu auge, previsto para 2025, a tendência é de que eventos como este se tornem mais frequentes e intensos.
