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Salário Mínimo no Brasil terá grande mudança no valor em poucos meses

O salário mínimo no Brasil deve passar por uma nova e significativa mudança a partir de janeiro de 2026.

Segundo estimativa divulgada pelo Governo Federal na última terça-feira (15), o novo piso nacional será de R$ 1.630, representando um reajuste de R$ 112 em relação ao valor atual de R$ 1.518.

A alteração consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para o ano de 2026, enviado ao Congresso Nacional, conforme determina a Constituição Federal.

Esse aumento, de 7,4%, ainda está sujeito a mudanças, pois depende de dados econômicos que serão consolidados até o final de 2025.

O novo valor, embora passe a vigorar oficialmente a partir de 1º de janeiro de 2026, será pago apenas em fevereiro do mesmo ano, respeitando o cronograma tradicional do governo.

O que é o PLDO e por que ele importa?

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é um dos principais instrumentos de planejamento do governo. Ela estabelece as metas e prioridades da administração pública para o ano seguinte e orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA), que define o orçamento público.

A LDO também é a responsável por prever o valor do salário mínimo, que impacta diretamente milhões de brasileiros e as contas públicas.

A proposta enviada ao Congresso ainda precisa ser aprovada pelos parlamentares, podendo sofrer alterações até sua sanção.

Como é calculado o reajuste do salário mínimo?

Desde a aprovação da nova política de valorização do salário mínimo, o cálculo do reajuste leva em consideração dois fatores principais:

  1. Inflação do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado em 12 meses até novembro de 2025;

  2. Crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes — ou seja, o PIB de 2024 — com limite de 2,5% de ganho real.

O percentual final do reajuste será conhecido apenas em dezembro de 2025, quando o INPC de novembro for divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por enquanto, a projeção do Ministério da Fazenda considera uma inflação controlada e um crescimento do PIB próximo ao teto permitido.

Por que o reajuste real do salário mínimo é limitado?

O limite de 2,5% para o crescimento real do salário mínimo acima da inflação foi aprovado em 2023, dentro de um pacote de medidas de ajuste fiscal.

A ideia é conter o avanço acelerado das despesas obrigatórias, principalmente diante do novo arcabouço fiscal, que impõe limites ao crescimento das despesas públicas até 2030.

Ao segurar o reajuste real do mínimo, o governo busca equilibrar as contas públicas e garantir que o aumento da renda básica da população não inviabilize outras políticas sociais e econômicas.

Quem é impactado pelo novo salário mínimo?

O novo valor do salário mínimo tem um impacto direto na vida de cerca de 60 milhões de brasileiros, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Esse grupo inclui:

  • Trabalhadores formais que recebem salário mínimo;

  • Aposentados e pensionistas do INSS com benefício atrelado ao mínimo;

  • Beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas);

  • Receptores do abono salarial do PIS/PASEP e do seguro-desemprego.

De acordo com o Dieese, 28,15 milhões de beneficiários do INSS têm seus rendimentos vinculados diretamente ao salário mínimo.

Isso significa que qualquer reajuste impacta não só os trabalhadores ativos, mas também aposentados, pensionistas e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

E o impacto nas contas públicas?

O aumento do salário mínimo não afeta apenas os trabalhadores e beneficiários de programas sociais. Ele também representa um grande desafio para o orçamento do governo federal. Isso porque nenhum benefício previdenciário ou assistencial pode ser inferior ao salário mínimo.

A cada R$ 1 de aumento no valor do piso, as despesas obrigatórias do governo crescem cerca de R$ 400 milhões, segundo estimativas do Ministério da Fazenda. Assim, com a previsão de um reajuste de R$ 112 em 2026, a despesa pública pode aumentar aproximadamente R$ 44,8 bilhões.

Esse crescimento nas despesas reforça a importância da limitação do reajuste real e do cumprimento das metas fiscais estabelecidas pelo novo arcabouço.

O salário mínimo atual: R$ 1.518 em 2025

Em vigor desde 1º de janeiro de 2025, o salário mínimo atual de R$ 1.518 foi resultado de um reajuste de 7,5% sobre o valor anterior, que era de R$ 1.412.

A política de valorização do mínimo implementada pelo atual governo combina correção pela inflação e ganho real baseado no PIB, com o objetivo de aumentar o poder de compra da população de baixa renda.

Apesar das críticas de alguns setores econômicos, que veem o piso elevado como fator de pressão sobre a folha de pagamento e os custos das empresas, o governo defende que o aumento do mínimo impulsiona o consumo interno e melhora a qualidade de vida de milhões de famílias.

Como o novo valor influencia outros programas sociais?

Além de benefícios previdenciários, o valor do salário mínimo também interfere em outros programas e políticas públicas, como:

  • Benefício de Prestação Continuada (BPC): pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda no valor de um salário mínimo;

  • Abono salarial do PIS/PASEP: benefício anual pago a trabalhadores formais que receberam até dois salários mínimos mensais;

  • Seguro-desemprego: o valor mínimo das parcelas segue o piso nacional;

  • Faixas de isenção do Imposto de Renda, em discussão para 2026, podem ser impactadas pela atualização do salário mínimo.

O que esperar até dezembro?

Embora o governo tenha estimado R$ 1.630 como valor do salário mínimo para 2026, é importante lembrar que essa ainda não é uma definição oficial.

O valor final depende da apuração do INPC até novembro de 2025 e da confirmação do PIB de 2024, que serão conhecidos nos próximos meses.

A expectativa é que, em dezembro de 2025, o governo anuncie oficialmente o valor que entrará em vigor em janeiro de 2026, com pagamentos iniciando em fevereiro.

Carolina Ramos Farias

Carolina Ramos Farias é uma profissional apaixonada pela educação e comunicação digital. Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pelo Departamento de Educação do Campus X da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), ela alia sua formação acadêmica à habilidade com a escrita, atuando como redatora web há mais de cinco anos. Com expertise na criação de conteúdos sobre concursos públicos, benefícios sociais e direitos trabalhistas, Carolina se destaca por sua capacidade de transformar informações complexas em textos claros e acessíveis. Seu compromisso com a disseminação do conhecimento a impulsiona a produzir materiais informativos que ajudam milhares de pessoas a se… Mais »
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