Empréstimo Consignado CLT libera mais de R$1 bilhão em empréstimos via Crédito do Trabalhador; veja como aproveitar

O novo programa Crédito do Trabalhador, que oferece empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT), já movimentou mais de R$ 1,28 bilhão em crédito em apenas sete dias de operação. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27) pela Dataprev, em balanço enviado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Segundo o levantamento, foram firmados 193.744 contratos entre os dias 21 e 27 de março de 2025, com valor médio de R$ 6.623,48 por empréstimo. Os trabalhadores utilizaram o aplicativo da Carteira de Trabalho Digital para solicitar as propostas, que somaram mais de 11,6 milhões de requisições no período.

Com parcelas mensais médias de R$ 347,23, os contratos têm prazo de pagamento de cerca de 19 meses, com desconto direto na folha de pagamento dos trabalhadores.

Crédito do Trabalhador: o que é e como funciona?

Criado por meio da Medida Provisória nº 1.292, o Crédito do Trabalhador tem como objetivo facilitar o acesso ao crédito com juros mais baixos, segurança e maior transparência para os 47 milhões de trabalhadores formais no Brasil, incluindo:

• Empregados com carteira assinada (CLT);

• Empregados domésticos;

• Trabalhadores rurais;

• Funcionários de Microempreendedores Individuais (MEIs).

A contratação do empréstimo é feita exclusivamente pelo app da Carteira de Trabalho Digital, que envia os dados do trabalhador — como nome, CPF, salário, tempo de empresa e margem consignável — para cerca de 80 instituições financeiras habilitadas pelo governo federal.

Essas instituições retornam com propostas personalizadas em até 24 horas. O trabalhador pode então comparar as condições e escolher a oferta mais vantajosa, com as parcelas descontadas diretamente em folha.

Quem pode contratar?

Para contratar o novo consignado, é necessário:

• Ter carteira assinada ativa;

• Estar com o cadastro atualizado no eSocial;

• Ter margem consignável disponível, limitada a 35% do salário;

• Ter acesso ao aplicativo Carteira de Trabalho Digital.

Crescimento acelerado e perspectiva de inclusão

Segundo Francisco Macena, ministro em exercício do Trabalho, o volume expressivo de crédito liberado em apenas sete dias evidencia a alta demanda dos trabalhadores por crédito acessível. No entanto, ele alerta para o uso responsável:

“Esse grande volume de recursos em apenas sete dias mostra a necessidade dos trabalhadores por crédito. Porém, os empréstimos devem ser feitos com calma, sem ansiedade, avaliando bem as condições e buscando a proposta mais vantajosa”, afirmou.

Macena também recomenda aguardar a entrada de mais instituições financeiras no sistema, ampliando a concorrência e potencialmente reduzindo as taxas de juros oferecidas.

De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o crédito consignado privado já movimenta mais de R$ 40 bilhões, com 3,8 milhões de contratos ativos. A expectativa do governo é que, em quatro anos, cerca de 25 milhões de trabalhadores CLT utilizem o Crédito do Trabalhador.

Contrato pode ser cancelado em até 7 dias

O programa também garante direitos ao trabalhador, como o cancelamento do contrato em até 7 dias corridos após o recebimento do valor, com devolução integral dos recursos à instituição financeira.

A partir de 25 de abril, também será possível:

• Migrar para uma proposta mais vantajosa, mesmo após a contratação inicial;

• Transferir contratos antigos de consignado para o novo modelo do Crédito do Trabalhador.

Essa migração será permitida apenas para contratos feitos com instituições habilitadas pelo MTE.

Garantias em caso de demissão

Se o trabalhador for demitido durante o pagamento do empréstimo, o contrato prevê garantias específicas:

• O banco poderá utilizar até 10% do saldo do FGTS do trabalhador;

• Ou até 100% da multa rescisória do FGTS, conforme o caso;

• O valor restante poderá ser transferido para o novo empregador e retomado via desconto em folha.

Esse modelo busca reduzir os riscos de inadimplência e manter as taxas de juros mais acessíveis, já que a operação continua respaldada por garantias mesmo após a mudança de vínculo empregatício.

Sem limite de juros, mas com concorrência

Diferentemente do consignado do INSS ou dos servidores públicos, o Crédito do Trabalhador não tem teto de juros. O governo optou por deixar a concorrência entre as instituições financeiras definir as taxas.

No entanto, o trabalhador poderá comparar ofertas diretamente no app da Carteira de Trabalho Digital, promovendo transparência e melhores condições de contratação.

A partir de 25 de abril, os bancos também poderão oferecer o crédito em seus próprios canais digitais, como aplicativos e sites. Já a portabilidade de crédito, ou seja, a transferência do contrato para outro banco, será liberada a partir de junho de 2025.

Dados acessados pelas instituições financeiras

O compartilhamento de dados com os bancos segue as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para fazer propostas de crédito, as instituições terão acesso apenas às seguintes informações:

• Nome completo;

• CPF;

• Tempo de empresa;

• Margem consignável do salário;

• Informações sobre verbas rescisórias em caso de demissão.

Todos os dados são enviados com autorização do trabalhador, no momento em que ele solicita propostas de crédito no aplicativo.

Pode migrar do CDC para o consignado CLT?

Sim. Quem atualmente tem um empréstimo pessoal tradicional, como o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), pode migrar para o consignado CLT, desde que procure uma das instituições habilitadas pelo programa.

Essa migração pode resultar em redução significativa da taxa de juros, uma vez que o consignado apresenta menor risco para os bancos e, portanto, juros mais baixos.

Saque-aniversário do FGTS não impede adesão

Quem optou pelo saque-aniversário do FGTS ou antecipou esse valor em bancos também pode contratar o consignado CLT. Os processos são independentes e não afetam a análise de crédito.

Como contratar o Crédito do Trabalhador?

Veja o passo a passo para contratar:

1. Baixe o aplicativo Carteira de Trabalho Digital (disponível para Android e iOS);

2. Acesse sua conta Gov.br com nível prata ou ouro;

3. Vá até a aba de empréstimos consignados;

4. Envie sua solicitação para análise;

5. Aguarde até 24 horas pelas propostas dos bancos;

6. Compare as ofertas e escolha a mais vantajosa;

7. Assine digitalmente o contrato pelo próprio app.

Após a contratação, o valor é depositado na conta bancária indicada e as parcelas são descontadas diretamente no salário.