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INSS divulga péssima notícia para os aposentados que precisam pegar empréstimos em 2025

O Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) aprovou mais uma elevação no teto de juros dos empréstimos consignados voltados a beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão foi tomada em reunião realizada no dia 25 de março de 2025, conforme apuração da equipe da Revista dos Benefícios, com base em informações divulgadas pelo portal G1.

Com a nova medida, a taxa de juros máxima para operações de crédito consignado passou de 1,80% para 1,85% ao mês. Este é o segundo reajuste consecutivo em 2025, o que vem preocupando especialistas e entidades de defesa do consumidor, que apontam riscos de superendividamento da população idosa.

Data Taxa Consignado (ao mês), em % Taxa Selic (ao ano), em %
06/12/2021 2,14 7,75
13/03/23 1,70 13,75
28/03/23 1,97 13,75
17/08/23 1,91 13,25
11/10/23 1,84 12,75
04/12/23 1,80 12,25
11/01/24 1,76 11,75
28/02/24 1,72 11,25
24/04/24 1,68 10,75
28/05/24 1,66 10,5
09/01/25 1,80 12,25
25/03/25 1,85 14,25

O que é o empréstimo consignado do INSS?

O empréstimo consignado é uma modalidade de crédito na qual as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento ou do benefício previdenciário. Para aposentados e pensionistas do INSS, essa linha de crédito costuma ter taxas mais baixas que outras formas de empréstimo pessoal, justamente por oferecer menor risco de inadimplência aos bancos.

Atualmente, os beneficiários do INSS podem comprometer até 45% do valor do benefício com crédito consignado — sendo 35% destinados ao empréstimo pessoal, 5% para cartão de crédito consignado e outros 5% para o cartão benefício.

Por que o teto de juros foi reajustado?

Segundo o Ministério da Previdência Social, o novo teto foi definido com base no aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Com o custo do dinheiro mais elevado, os bancos pressionaram o governo por um reajuste no teto de juros, alegando que o modelo anterior inviabilizava a concessão de crédito consignado.

O ministro da Previdência, Carlos Lupi, votou a favor do aumento, afirmando que a medida visa garantir a continuidade da oferta de crédito aos aposentados e pensionistas. “Estamos buscando o equilíbrio entre manter o crédito acessível e garantir que as instituições financeiras continuem ofertando os empréstimos”, disse Lupi durante a reunião do CNPS.

Impacto para os beneficiários

A elevação no teto de juros afeta diretamente os milhões de aposentados e pensionistas que recorrem ao consignado para complementar a renda ou quitar dívidas. Com juros mais altos, o custo total do empréstimo aumenta, reduzindo o valor efetivamente disponível para o consumidor e ampliando o risco de comprometimento da renda.

Segundo dados do INSS, mais de 15 milhões de beneficiários possuem atualmente contratos ativos de crédito consignado. Em 2024, foram mais de R$ 170 bilhões liberados nessa modalidade.

A equipe da Revista dos Benefícios ouviu especialistas que apontam um possível agravamento do quadro de endividamento da terceira idade. “O aposentado, que já lida com uma renda limitada, acaba vendo no consignado uma solução imediata, sem perceber o impacto das taxas de juros ao longo do tempo”, explica a economista Sandra Araújo, especialista em finanças públicas.

Reações ao aumento

A decisão do CNPS gerou reações divergentes entre representantes de bancos, aposentados e entidades civis. A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Aposentados (CNTTA) criticou o reajuste, afirmando que o aumento é injusto e penaliza uma população vulnerável.

“Em vez de proteger os idosos, o governo está abrindo as portas para que eles sejam ainda mais explorados pelo sistema financeiro. Precisamos de políticas públicas que ofereçam educação financeira, e não mais endividamento”, afirmou João Batista Silva, presidente da entidade.

Por outro lado, representantes do setor bancário consideraram o reajuste “modesto” e defenderam que novas elevações podem ser necessárias caso a Selic permaneça alta.

Tendência de alta nos juros

Em março de 2025, o Banco Central sinalizou que pode manter a taxa Selic em patamar elevado por mais tempo, devido à persistência da inflação em níveis acima da meta. Esse cenário pressiona ainda mais os juros do crédito consignado, que são atrelados ao custo do dinheiro no mercado.

O novo teto de 1,85% ao mês do empréstimo Consignado do INSS 2025, embora ainda abaixo das taxas praticadas em outras linhas de crédito pessoal, representa um custo efetivo anual (CET) de aproximadamente 23,87% ao ano — valor considerado alto, especialmente para quem vive com um salário mínimo.

Como consultar e contratar com segurança

Os aposentados e pensionistas interessados em contratar crédito consignado devem ficar atentos às taxas cobradas e sempre comparar ofertas entre diferentes instituições. É possível simular contratos e verificar informações diretamente no site ou aplicativo Meu INSS.

Além disso, o Banco Central oferece ferramentas para consultar o Cadastro Positivo e identificar se há contratos em nome do beneficiário. Em caso de dúvidas ou suspeita de fraudes, é fundamental registrar denúncia junto ao INSS ou Procon.

Considerações finais

O novo reajuste no teto de juros do consignado para beneficiários do INSS reflete um cenário econômico desafiador, em que o custo do crédito tende a subir. Embora a medida tenha como objetivo manter a oferta de empréstimos ativa, ela levanta alertas sobre o endividamento crescente entre aposentados e pensionistas.

Diante disso, é essencial que o governo e as instituições financeiras atuem com responsabilidade e invistam em campanhas de educação financeira para esse público. Transparência nas taxas, combate ao assédio comercial e proteção ao consumidor são pilares indispensáveis para garantir que o crédito consignado continue sendo uma ferramenta de apoio — e não de sufocamento — para milhões de brasileiros.

Saulo Moreira

Saulo Moreira dos Santos, 29 anos, é um profissional comprometido com a comunicação e a disseminação de informações relevantes. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador, descobriu sua verdadeira vocação na escrita e na criação de conteúdo digital. Com mais de 15 anos de experiência como redator web, Saulo se especializou na produção de artigos e notícias sobre temas de grande interesse social, incluindo concursos públicos, benefícios sociais, direitos trabalhistas e futebol. Sua busca por precisão e relevância fez dele uma referência nesses segmentos, ajudando milhares de leitores a se manterem informados e atualizados.… Mais »
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