Entraram em vigor nesta sexta-feira (1º) as novas regras de financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal.
O empresário Eliezer Carreiro visitou diversos apartamentos. Quando estava prestes a reunir a documentação para fechar o negócio, recebeu a notícia que adiou o sonho do imóvel novo: o valor da entrada para o financiamento teria que ser maior.
“Eu não tenho como dispor de 50% do valor do imóvel dentro dos padrões que eu estou buscando. Eu vou esperar, porque comprar um imóvel de menor valor certamente não vai me atender”, afirma.
As alterações começaram a valer para contratos assinados a partir desta sexta-feira (1º) e afetam os financiamentos realizados com recursos da poupança.
Agora, a Caixa financiará apenas até 70% do valor do imóvel pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). Anteriormente, esse percentual era de até 80%.
Já pelo sistema Price, onde o cliente paga parcelas fixas, o percentual máximo será de 50% do valor do imóvel. Até outubro, a cota era de até 70%. Na prática, isso significa valores de entrada mais elevados.
Outra alteração é no preço dos imóveis financiáveis com recursos da poupança. O teto agora é de R$ 1,5 milhão. O cliente também não pode ter outro financiamento habitacional ativo com a Caixa.
Essas mudanças impactam tanto compradores quanto vendedores de imóveis.
“Como imobiliária, a gente precisa driblar essas adversidades, continuar buscando outros clientes para comprar, de repente, na planta, preparar ele para um imóvel que vai entregar daqui um ano, dois anos, e flexibilizar a condição de pagamento”, explica Nayara Tecia, CEO do Grupo On Brokers.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, essas restrições não se aplicam aos imóveis que fazem parte de empreendimentos financiados pelo banco. As normas para financiamento com recursos do FGTS permanecem inalteradas.
A Caixa optou por limitar essa linha de crédito devido ao aumento na demanda por financiamentos nos últimos meses, coincidindo com o crescimento dos saques da poupança.
O vice-presidente do Secovi-Rio acredita ser prematuro avaliar a extensão do impacto no mercado imobiliário.
“É um sonho do brasileiro de você ter o seu imóvel, casa própria. Existe ainda um déficit habitacional muito grande no país, mas vai ser um pouco mais lento esse crescimento do mercado, essa quantidade de financiamentos que hoje a gente vê”, afirma Leonardo Scheneider, vice-presidente do Secovi-Rio.
A Caixa afirma estar estudando medidas para aumentar a oferta de financiamentos habitacionais e participando de discussões com o mercado e o governo para expandir o crédito imobiliário no país, não apenas através da Caixa, mas também por meio de outros agentes do mercado.