As mudanças nas normas para financiamento imobiliário usando recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), divulgadas pela Caixa Econômica Federal no meio deste mês, entrarão em vigor na próxima sexta-feira (1º).
Além de alterar as cotas de financiamento permitidas, o banco também vai exigir uma entrada maior dos compradores.
O banco comunicou as mudanças em meados de outubro, devido ao aumento da procura por imóveis no Brasil e ao maior volume de retiradas da poupança — fonte dos recursos usados pela Caixa para empréstimos via SBPE.
Confira nesta matéria do Revista dos Benefícios quais são as alterações!
Teto nos empréstimos com recursos do SBPE
A partir da próxima sexta, 1º de novembro, nos empréstimos feitos com recursos do SBPE, o banco financiará a compra ou construção individual de imóveis com valor de avaliação ou de compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão.
O cliente também não poderá ter outro financiamento habitacional ativo com a Caixa.
Como era antes?
Segundo o especialista Saulo Moreira, do Revista dos Benefícios, no modelo anterior, a Caixa não impunha limites para financiamentos com recursos do SBPE. Os clientes podiam ter múltiplos financiamentos imobiliários ativos nessa modalidade.
Já os financiamentos com recursos do FGTS sempre foram limitados a um contrato de crédito ativo por pessoa.
Novas cotas de financiamento
A Caixa também alterou as cotas de financiamento. A partir de sexta-feira, o banco financiará até 70% do valor do imóvel pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). Antes, a cota era de até 80%.
Para o sistema Price, o financiamento será de até 50% do valor do imóvel, reduzindo a cota anterior de 70%.
No SAC, o valor total das prestações diminui ao longo do tempo, devido à parcela decrescente de juros. No sistema Price, o valor total permanece constante durante todo o prazo do contrato.
Na prática, isso significa que os compradores precisarão dar uma entrada maior no imóvel.
Veja os exemplos:
Sistema SAC
- Modelo anterior: Para um imóvel de R$ 800 mil, a Caixa financiava até R$ 640 mil (80%). O mutuário pagava 20% de entrada, ou seja, R$ 160 mil.
- Novo modelo: Para o mesmo imóvel de R$ 800 mil, a Caixa financiará até R$ 560 mil (70%). Os 30% restantes, R$ 240 mil, ficam a cargo do comprador.
Sistema Price
- Modelo anterior: para um imóvel de R$ 800 mil, a Caixa financiava até R$ 560 mil (70%). O comprador pagava 30% de entrada, totalizando R$ 240 mil.
- Novo modelo: para o mesmo imóvel de R$ 800 mil, a Caixa financiará até R$ 400 mil (50%). Os outros 50% ficam sob responsabilidade do comprador (R$ 400 mil).
A Caixa esclarece que as mudanças nas cotas de financiamento e o limite de R$ 1,5 milhão no valor do imóvel não se aplicam às unidades habitacionais vinculadas a empreendimentos financiados pelo banco. Nesses casos, as condições anteriores permanecem.
As alterações têm prazo definido?
De acordo com a Caixa, as novas medidas não têm prazo de validade. Isso significa que as mudanças podem ser definitivas.
Ademais, o banco afirma que os imóveis já financiados não terão suas regras alteradas.
Qual o motivo dessas mudanças?
A redução nas cotas de financiamento e o limite no valor do imóvel surgem devido ao aumento na procura por imóveis no Brasil e ao maior volume de saques da poupança — fonte dos recursos usados pela Caixa para empréstimos via SBPE.
Dados recentes do Banco Central do Brasil (BC) mostram que a poupança registrou o maior volume de saques líquidos do ano em setembro, chegando a R$ 7,1 bilhões. Foi o terceiro mês consecutivo de retiradas.
Em comunicado, a Caixa informou que sua carteira de crédito habitacional deve ultrapassar o orçamento previsto para 2024. Atualmente, o banco detém cerca de 70% do mercado.
A Caixa concedeu R$ 175 bilhões em crédito imobiliário até setembro deste ano, um aumento de 28,6% em comparação ao mesmo período de 2023. Foram realizados 627 mil financiamentos de imóveis.
Nas contratações com recursos da poupança (SBPE), o banco detém 48,3% do mercado, equivalente a R$ 63,5 bilhões das operações até setembro.