Pode usar o FGTS para pagar dívidas? saiba quando vale sacar o fundo para quitar débitos
Quando as contas não fecham no final do mês, quem está com dívidas começa a buscar alternativas para pagar as dívidas. Dentre as medidas, está a retirada de uma parcela do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Contudo, essa tática requer prudência. De acordo com especialistas, é crucial determinar se esta é a forma mais eficaz de limpar o nome ou se existem outras opções para manter o saldo positivo.
Dá para usar o FGTS para pagar dívidas?
A quitação de dívidas não se enquadra nas diretrizes de utilização do FGTS. No entanto, o dinheiro pode ser retirado no mês de aniversário do empregado.
A brecha foi aberta pelo saque-aniversário. Ao retirar o dinheiro, pode-se utilizá-lo para pagar dívidas, pois a utilização do recurso é livre após o saque, isto é, o empregado tem a liberdade de pegá-lo e utilizá-lo da maneira que preferir.
Aqueles que necessitam de dinheiro com urgência podem solicitar um empréstimo utilizando o FGTS como garantia. Trata-se do adiantamento do saque-aniversário, um tipo de empréstimo oferecido pela Caixa que permite solicitar o saldo de até sete saques-aniversários anuais. De acordo com Eliane Tanabe, planejadora financeira CFP da Planejar, é necessário ter cautela, pois há a incidência de juros e taxas.
Em tese, o ideal seria preservar esses recursos, porém, em caso de dívidas, é preciso avaliar com cuidado se realmente o recurso será bem utilizado e de forma efetiva para a eliminação ou controle das dívidas. Caso contrário, o esforço pode ser em vão.
– Eliane Tanabe, planejadora financeira CFP pela Planejar.
O FGTS é a melhor saída para pagar dívidas?
Essa não deve ser a primeira alternativa para sair da dívida. A orientação para aqueles que estão com dívidas é tentar outras maneiras de quitar as dívidas.
Antes, é necessário realizar uma avaliação minuciosa da condição financeira. Para tal, o empregado precisa identificar todos os seus gastos e todas as suas fontes de renda.
Diminua despesas e entenda os juros que está a pagar. Cleicia Regina, especialista em planejamento financeiro CFP, defende que, antes de recorrer ao FGTS, é viável reduzir despesas, entender os juros aplicados na dívida atual e realizar cálculos para determinar se o montante liberado no saque-aniversário do FGTS será suficiente para quitar as dívidas.
O saldo do FGTS para quitar dívidas não é a última opção, mas também não precisa ser a primeira. O que você vai fazer ao sacar o FGTS precisa muito estar alinhado com o seu momento financeiro, para não virar uma bola de neve e entrar em dívida de novo.
– Cleicia Regina, planejadora financeira.
Negocie suas dívidas. Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital, defende a busca por melhores condições de pagamento, tais como prazos mais extensos e taxas de juros reduzidas. De acordo com ele, frequentemente, os credores estão prontos para flexibilizar as condições de pagamento para prevenir a inadimplência.
A dívida do cartão pode diminuir até 80% através da renegociação. Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo), declara que é viável reduzir os juros e pagar apenas pelas compras de produtos e serviços.
Outra opção é contratar empréstimos com juros inferiores aos que você está pagando. Carvalho afirma que o objetivo é pagar menos pelo dinheiro que não possui e consolidar as dívidas. Portanto, ao invés de quitar diversas dívidas com juros elevados, considere solicitar um empréstimo no montante total do que deve, saldar as dívidas com juros elevados e, posteriormente, pagar as prestações do empréstimo com taxas de juros mais baixas.
Antes de recorrer ao Fundo de Garantia, o ideal é que o trabalhador procure reduzir a sua dívida, tentando junto ao credor eliminar encargos financeiros ou reduzir esses encargos financeiros a patamares melhores.
Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP.
Quando usar o FGTS para pagar dívidas?
Quando os juros da dívida superam o ganho do fundo. O FGTS proporciona um rendimento anual de aproximadamente 3%, acrescido da Taxa Referencial (TR). Em comparação com os juros do cartão de crédito ou do cheque especial, esse rendimento é consideravelmente inferior ao que é cobrado na dívida.